A indústria gráfica e os fabricantes de artigos escolares querem convencer o governo federal a adotar um mecanismo que vai beneficiar alunos de escolas públicas e injetar no setor, no mínimo, R$ 8 bilhões. A ideia é criar um cartão educação federal, que dará um crédito de R$ 200 às famílias com filhos matriculados na rede pública de ensino. Trata-se de um universo de mais de 40 milhões de estudantes, o equivalente a 20% da população brasileira, segundo dados do Censo Escolar. Todos os anos, no primeiro semestre, eles precisam renovar seus materiais de estudo, como cadernos, agendas, lápis e canetas. 

 

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Modelo americano: o projeto da Abigraf, do presidente Fábio Mortara,

é inspirado nos programas de alimentação dos Estados Unidos

 

Mas nem sempre seus pais têm condições de arcar com as despesas. Os únicos lugares que aceitariam o cartão seriam papelarias credenciadas, para que não sejam feitas compras de itens sem relação com as necessidades escolares. Na prática, a ideia segue o modelo de outros programas de benefícios como o Bolsa Família e o Vale-Cultura. “Mas acho que o exemplo mais preciso é o dos chamados food stamps, os selos americanos para a compra de comida, que funcionam há décadas nos EUA”, afirma Fábio Mortara, presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) e fundador da gráfica Paper Express.

 

“O cartão ainda promove a competição saudável entre fabricantes.” Alguns municípios, em especial, do interior de São Paulo, já aprovaram projetos similares, nos quais a proposta da Abigraf se baseia. Mas a única grande cidade a colocar em prática algo parecido é Brasília, que investiu R$ 36 milhões na distribuição de cartões para 130 mil alunos de escolas públicas. No projeto-piloto, foram selecionadas famílias inscritas no Bolsa Família. Os maiores beneficiados com o cartão educação federal seriam as empresas de cadernos, agendas e outros materiais escolares. 

 

É o caso da Tilibra, líder do segmento no Brasil, controlada, desde 2004, pela americana MeadWestvaco. “O projeto trará benefícios para a empresa e para toda a cadeia produtiva”, afirma José Carrijo, diretor de relações institucionais da Tilibra. “As papelarias, por exemplo, sofrem com o modelo de compras governamentais, em especial, em São Paulo.” A reclamação dos papeleiros é que o modelo de leilões adotado pelo governo para a compra desses materiais deixa de fora os varejistas, já que a negociação é feita diretamente com os fornecedores. 

 

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