09/02/2011 - 21:00
Para a presidente Dilma Rousseff, não há nome melhor que o do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para comandar a Autoridade Pública Olímpica (APO). Raciocina que ele traria credibilidade à organização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, idêntica à política econômica no primeiro governo Lula quando assumiu o Banco Central, no início de 2003. O convite está feito, mas a concordância de Meirelles em assumir a presidência da APO ainda é incerta. Ele está preocupado em garantir que a indicação seja acompanhada de poder para indicar os mais importantes dos 484 cargos da autoridade e liberdade para administrar uma carteira de projetos avaliada em R$ 23,2 bilhões, necessários para adequar o Rio de Janeiro às demandas do segundo maior evento esportivo do mundo.
Em busca do recorde: se aceitar o convite, Meirelles terá de correr contra
o relógio para preparar o Rio em pouco tempo
Na sexta-feira 29, Dilma e Meirelles tiveram um encontro reservado em São Paulo. O ex-presidente do BC pediu tempo para estudar a proposta. Ele quer garantias de que sua gestão estará imune a ingerências políticas, tal como ocorreu em sua passagem pelo BC.
Em outras palavras, sua ideia é distanciar o comando da autoridade da esfera de influência do ministro do Esporte, Orlando Silva, e do presidente do Comitê Rio-2016 e do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman – que pretende limpar sua imagem após as supostas irregularidades que fizeram os Jogos Panamericanos de 2007, no Rio de Janeiro, custar R$ 3,5 bilhões – nove vezes o orçamento inicial de R$ 390 milhões.
Para o empresariado com interesses nos Jogos Olímpicos, a indicação de Meirelles exorciza esse fantasma. “Ele cria perspectivas concretas de o Brasil entregar os projetos e obras no tempo hábil e com a qualidade necessária”, avaliza Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib).
Meirelles não conta apenas com a confiança de Dilma e do empresariado para comandar a APO. Familiarizado com o assunto, ele dispõe de prestígio internacional que se estende ao Comitê Olímpico Internacional (COI). No governo, isso é visto como sinônimo de maior acesso a linhas de financiamento para as grandes obras.
Somente a construção do metrô entre Ipanema e a Barra da Tijuca, por exemplo, deve consumir R$ 2,8 bilhões em investimentos. A medida provisória que cria a APO está no Congres-so e tem de ser aprovada até 1º de março. Até lá, Dilma espera baixar a poeira e ouvir o “sim” de Meirelles. Em quarentena do Banco Central até o fim de abril, ele pode ter o compromisso suspenso para ocupar outro cargo de governo.