Era para ser um agradável périplo pelo oceano Índico, quando o navio Costa Allegra partiu, no sábado 25, da ilha de Madagáscar rumo às ilhas Seychelles. A temporada de sonho durou pouco. Dois dias depois, um incêndio atingiu os geradores e deixou a embarcação à deriva por três dias. Até começar a ser rebocado por um pesqueiro, o gigante Costa Allegra, de 188 metros de comprimento e 28,5 toneladas, tinha se transformado em uma presa fácil dos piratas que agem na região. 

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Rota acidentada: o CEO Onorato tem de explicar o terceiro acidente em apenas dois anos.

 

Para sorte dos 1.040 passageiros e tripulantes a bordo, nenhum incidente foi registrado, diferentemente do que aconteceu com o Costa Concórdia, que, após uma barbeiragem, naufragou na costa da Itália, em janeiro, causando a morte de 25 pessoas. Com isso, o que era tratado como suspeita se tornou uma certeza: existe algo de errado com a Costa Criociere, companhia comandada por Gianni Onorato, uma das líderes do setor, com receita anual de € 3 bilhões. As causas do novo acidente ainda estão sendo apuradas. Independentemente de falha humana ou de problema técnico, é fato que não apenas a operadora italiana sairá chamuscada com o terceiro problema grave ocorrido desde 2010. 

 

“Os acidentes não refletem a realidade da indústria, mas afastam principalmente quem viajaria pela primeira vez”, diz Lauren Setar, da consultoria americana IBISWorld. “No curto prazo, haverá uma queda nas reservas gerais porque a confiança na indústria está abalada.” E isso vale também para o Brasil. Por aqui, a indústria de cruzeiros explodiu nos últimos anos, se tornando uma das principais opções de lazer. Em resposta às recentes trapalhadas marítimas das companhias (leia quadro), a Cruise Lines International Association, entidade que reúne os armadores, iniciou uma revisão em sua política de segurança operacional. As novas diretrizes ainda não têm data para ser implantadas. 

 

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