Uma das maiores apostas do banco HSBC nos próximos anos são os empréstimos para pequenas e médias empresas com faturamento até R$ 20 milhões por ano. A meta do banco é dobrar os atuais 350 mil clientes para 700 mil e fazer essa carteira de créditos mais que triplicar, crescendo de R$ 3 bilhões para R$ 10 bilhões até o fim de 2012. Para atingir esse objetivo, o HSBC precisará não só de capital, e de uma rede de distribuição azeitada, mas também de gestores capacitados. É aí que entram nomes como o do executivo Marcelo Aleixo, 43 anos. 

 

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Salto na remuneração: Luis Gustavo Simão: obteve um aumento de 40% no salário ao trocar de emprego

 

Ele será responsável pelo departamento de pequena e média empresa do HSBC, um setor que engloba 1. 700 pessoas entre gerentes de relacionamento e analistas. Aleixo dirigia a mesma área no Santander até maio passado, mas aceitou o desafio do concorrente. 

 

“Estou entusiasmado para colocar essa estratégia do HSBC para funcionar”, diz ele. Aleixo não está sozinho. Depois de dois anos em retração devido à crise internacional e à consolidação, os bancos brasileiros voltaram a contratar e deverão continuar caçando talentos. “O sistema financeiro deve criar mais 15 mil vagas nos próximos quatro anos”, diz Fábio Saad, executivo da Robert Half, empresa de recrutamento de executivos financeiros. 

 

Esse exército de engravatados será responsável por estruturar as finanças do pré-sal, da Copa do Mundo e da Olimpíada. A demanda de profissionais deverá ser tão intensa que os bancos vão recrutar fora das tradicionais escolas de administração, economia e engenharia. 

 

“Profissionais com formação em matemática, estatística e comércio exterior também serão muito disputados pelo sistema financeiro”, diz Saad. “Não existe discriminação na formação, o que importa é o conhecimento técnico.” 

 

A dificuldade em encontrar esses profissionais também tem gerado uma valorização no salário dos iniciantes. Analistas com boa formação podem começar ganhando salários de R$ 10 mil por mês. 

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Saad, da Robert Half: bancos buscam bons profissionais

com qualquer formação acadêmica

 

“O momento é favorável, pois vários bancos estão se estabelecendo ou aumentando suas equipes  no Brasil e a oferta de bons profissionais é pequena”, diz Jorge Maluf, sócio da empresa de recrutamento Korn Ferry. 

 

A demanda por profissionais tem feito a remuneração subir. Aleixo é um bom exemplo. Ao trocar o Santander pelo HSBC, seu salário subiu 10%. Ele também embolsou uma remuneração variável, que não comenta. 

 

Quem conhece os meandros do sistema, porém, diz que um profissional como Aleixo recebe bônus que podem ultrapassar R$ 300 mil por ano, dependendo dos resultados próprios e da instituição. 

 

Isso em um banco comercial como o Santander, onde os bônus são mais modestos. Os limites são bem mais elásticos nos bancos de investimento e nas seguradoras, e, dependendo da necessidade do profissional, o aumento no contracheque pode ser bem mais fornido. Um bom exemplo é o de Luís Gustavo Simão, 27 anos. 

 

O executivo, que trabalha com recursos humanos, trocou a empresa de estruturação de operações imobiliárias Brazilian Finance pela seguradora Chubb em outubro. Como resultado, seu salário, fora o bônus, subiu 40%. 

 

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Aleixo, do HSBC: Avanço de 10% na remuneração fixa ao trocar o Santander pelo banco inglês

 

“Eu não estava procurando emprego, mas recebi uma proposta e estou satisfeito”, diz ele. No HSBC foram contratados 1.800 profissionais em 2009. Até novembro deste ano, esse número subiu para 3.580, um crescimento de 99%. 

 

E a expectativa é que de que o banco encerre 2010 com mais de três mil pessoas contratadas. “O recrutamento para cargos de primeira linha está crescendo, devemos trazer 380 profissionais de alto escalão, como diretores e superintendentes,” diz Vera Saicali, diretora de recursos humanos do banco. “As áreas estratégicas estão demandando muita gente.”

 

A onda de contratações, o avanço dos salários e a escassez de gente adequada tornam o cenário parecido com o de 2007 e 2008, imediatamente anterior à crise financeira, mas os especialistas notam que o momento é bastante diferente. 

 

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Há três anos, o mercado de capitais estava muito aquecido e, para trocar de emprego, um profissional chegava a ganhar 50% mais. A crise internacional, que se acirrou com a quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008, reduziu a demanda por pessoas. No caso do Brasil, houve um agravante. 

 

Duas grandes operações bancárias – as fusões entre Itaú e Unibanco e a compra do Real pelo Santander – levaram a muitas demissões, o que elevou a oferta de profissionais. Agora, a retomada do mercado vem ocorrendo com algumas diferenças. 

 

“Os profissionais estão mais seletivos”, diz Maluf. “Muitos trocaram de banco no passado tendo em vista apenas o salário e se frustraram, por isso agora eles olham outros benefícios e as perspectivas de longo prazo de quem está contratando.”