No fim de maio, um evento em São Paulo chamou a atenção de jornalistas de beleza e de celebridades como as atrizes Ísis Valverde e Mariana Ximenes, além da apresentadora Sabrina Sato. Tratava-se do jantar de lançamento da parceria entre a fabricante canadense de cosméticos MAC com o estilista brasileiro Pedro Lourenço, que desenvolveu uma exclusiva linha de produtos de maquiagem para a marca. Tanto a embalagem quanto as cores utilizadas passaram pelo crivo do brasileiro, que se inspirou nas tendências apresentadas nas últimas coleções exibidas em Paris.

Aquela não foi a primeira vez que a MAC se uniu a um estilista para a criação de uma edição limitada. Em abril deste ano, a empresa já havia feito parceria com a americana Proenza Schouler. A MAC não é o único nome estrelado do setor a seguir essa trilha. A francesa Sephora, por sua vez, atiçou a cobiça das mulheres ao lançar, em 2011, uma coleção de maquiagem criada por ninguém menos do que Karl Lagerfeld, o badalado designer da Chanel. Aparentemente, a união entre os grandes nomes da moda e da beleza veio para ficar.

Cada vez mais, grifes fashion investem em lançamentos de linhas de maquiagem. A mais recente a anunciar a novidade foi a italiana Gucci, que terá seus produtos de embelezamento à venda a partir de setembro. Farão parte do portifólio batons, esmaltes, sombras, blushes, pincéis e produtos para a pele, com preços que variam de US$ 29 (R$ 65) a US$ 65 (R$ 145). Um pouco antes de realizar a abertura de capital da grife que leva seu nome, o estilista americano Marc Jacobs também resolveu se aventurar pelo mundo da beleza.

Em agosto do ano passado, apresentou ao mercado mais de 120 produtos, que demoraram mais de um ano para ser desenvolvidos. A linha inclui até mesmo produtos discretos para homens, como hidratantes para a boca e corretivo para imperfeições da pele. “Eu gosto de como a moda pode transformar a aparência das pessoas”, disse o estilista. “Mas, para mim, moda não é só roupa. É bolsa, sapato, cabelo, maquiagem, perfume e todo o ritual que está incluído nesse processo.” Com motivação semelhante à de Jacobs, a britânica decidiu Burberry explorar esse filão.

Desde 2010, com o lançamento de sua própria linha de beleza, a Burberry faturou US$ 242 milhões com o segmento. Atualmente, a grife tem receita global estimada em US$ 3,8 bilhões. Para atrair as consumidoras, empresas como a Burberry vão apelar para estrelas das passarelas, como as inglesas Cara Delevingne e Kate Moss, que aparecerão na campanha da divisão de beleza da marca no segundo semestre do ano. Na campanha publicitária da Gucci, que estreia no mercado em setembro, por exemplo, a atração será Charlotte Casiraghi, neta da ex-estrela de Hollywood Grace Kelly, mulher do príncipe Rainier, de Mônaco.

“Para mim, beleza e moda estão sempre conectadas, e uma não existe sem a outra”, afirmou Frida Giannini, diretora criativa da Gucci, reforçando as palavras de Jacobs. “Olhos, pele e lábios são como acessórios, trabalhando juntos para criar um look impecável.” Na acirrada disputa por posições no mercado da maquiagem, as grifes dão uma especial atenção ao design de seus produtos, como arma para seduzir as consumidoras. O xadrez característico da Burberry, por exemplo, aparece estampado em toda a linha da maquiagem lançada recentemente.

Já a francesa Givenchy, da LVMH, que está no mercado de beleza desde os primórdios da grife, no início da década de 1950, aposta numa coleção de batons revestidos de couro preto, chamada de Le Rouge. “Com a entrada de Riccardo Tisci na direção criativa da marca, em 2005, as embalagens das maquiagens também ganharam uma roupagem de moda”, diz Amnon Armoni, professor de gestão de luxo da Faculdade Armando Álvares Penteado (Faap).

Para ele, muitas grifes demoraram demais para entrar no setor de beleza e agora buscam recuperar o tempo perdido. “Mesmo com o atraso, é uma estratégia perfeita para as marcas de moda de alto padrão”, afirma. A melhor alternativa, segundo Armoni, tem sido investir em itens de acesso, como perfumes, produtos de tratamento, maquiagem e acessórios. “Eles cumprem o objetivo de aumentar as receitas da companhia sem tirar-lhe aquela aura de exclusividade, importante para o mercado de luxo”, diz ele.