24/08/2012 - 21:00
O empresário paulista Edgard Corona alcançou o sucesso ao desenvolver com a Bio Ritmo uma rede de academias de ginástica sofisticadas, espaçosas, com equipamentos modernos, muitos instrutores e localizadas em regiões nobres nas cidades onde estão instaladas. Todo esse conforto tem evidentemente um preço: as mensalidades chegam aos R$ 600. Nos últimos tempos, no entanto, Corona tem sido visto com frequência em locais bem diferentes dos da sua luxuosa academia, frequentada por um público classe A. O motivo? Sua rede de baixo custo, batizada de Smart Fit, cujas unidades estão instaladas em bairros com população de menor poder aquisitivo.
Edgar Corona presidente da Bio Ritmo: ”Temos hoje cerca de 50 mil pessoas correndo
em nossas unidades. É mais do que qualquer maratona”
Em uma visita à unidade do Jardim Guadalupe, bairro da zona norte do Rio Janeiro, Corona e sua esposa, que também trabalha no grupo, perguntaram a uma aluna se tinha alguma queixa. A resposta surpreendeu os dois. “A mulher agradeceu o fato de termos instalado uma Smart Fit ali, porque antes as pessoas da região precisavam se exercitar em locais sujos e com equipamentos enferrujados”, diz o empresário. Mais do que uma oportunidade de negócios para explorar o crescimento da renda da classe C brasileira, a Smart Fit representa um instrumento importante para que o grupo, que deve faturar R$ 200 milhões neste ano, ganhe musculatura. Com suas 22 unidades, a Bio Ritmo se aproximou do teto de oportunidades em suas áreas tradicionais.
“Não dá para ter duas delas próximas uma da outra, nem praticar os seus preços em bairros de menor poder aquisitivo”, diz Corona. “Então, a Smart Fit nos permitiu atuar onde não estávamos.” Com apenas três anos de atividades e 70 unidades, a nova rede já conquistou 130 mil alunos, o que elevará o número de pessoas que malham nas academias de Corona para 200 mil alunos. Trata-se de um feito e tanto que transformará o grupo Bio Ritmo na 15ª rede no mundo, segundo o ranking da Oxygen Consulting. “Temos hoje cerca de 50 mil pessoas correndo em nossas unidades. É mais do que qualquer maratona. E isso é todo dia.” A Smart Fit foi criada com base nas premissas das academias de baixo custo desenvolvidas nos Estados Unidos, Alemanha e Holanda.
Os preços da mensalidade chegam a custar R$ 49, aproximadamente 20% do que é cobrado numa Bio Ritmo. Para o investimento valer a pena, Corona precisou abrir unidades em regiões mais baratas, com 20% menos de espaço interno e voltadas à prática de exercícios cardiovasculares – descartando piscinas e locais para dança ou ioga. E, mesmo assim, ainda praticar margens de lucros estreitas. Significa trocar a alta rentabilidade por volume, mas sem deixar de prestar atenção na qualidade de atendimento e na compra de equipamentos modernos para a malhação. Um dos ensinamentos para montar uma academia desse modelo é exatamente sua boa estrutura.
“O pensamento por trás de uma bem-sucedida academia de baixo custo é a eficiência para cortar processos, empregados e serviços não essenciais”, afirma o britânico Ray Algar, diretor-geral da Oxygen Consulting e um dos principais pesquisadores mundiais dessa tendência de mercado. “Na escolha de máquinas, faz mais sentido pagar mais por algo confiável do que escolher um equipamento barato, que pode quebrar e exigir mais manutenção.” Corona alega outro motivo para não utilizar esteiras de segunda linha. “Poderíamos usar na Smart Fit equipamentos inferiores aos da Bio Ritmo”, diz. “Mas queremos que o cliente sinta que a academia é mais dele do que nossa.”