De Nova Délhi, veio na terça-feira 20, a notícia que o mundo esperava com ansiedade, desde que o elevado endividamento derrubou a atividade econômica na Europa e ameaçou o sistema financeiro da região em 2011. “Estamos mais distantes do abismo do que há três meses e agora podemos olhar as coisas de uma maneira um pouco mais otimista”, afirmou a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), a francesa Christine Lagarde, numa conferência na capital da Índia. O que aconteceu desde dezembro? O Banco Central Europeu injetou mais de € 1 trilhão nos bancos e emprestou recursos a juros baixos garantindo a liquidez no sistema. 

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Sorriso e alívio: Christine Lagarde, do FMI, acredita que o pior já passou.

 

Esse “tsunami monetário”, como classificou a presidenta Dilma Rousseff, evitou o pior na Europa, mas pressionou o real e as moedas de outros países de fora do continente. No entanto, sem a adoção dessas medidas, a Europa não teria se distanciado do abismo, na avaliação da diretora do FMI. Além disso, países mais endividados, como Grécia, Espanha, Itália e Portugal, prometeram ir à luta, anunciando medidas para reduzir os gastos públicos e o endividamento, na tentativa de restaurar a confiança dos investidores sobre seu empenho fiscal. A declaração de Lagarde, recebida com entusiasmo por muita gente, não conseguiu impressionar o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner. 

 

Num discurso no Congresso dos Estados Unidos, também na terça-feira, ele disse que a Europa está apenas no início de “um caminho muito longo e muito difícil” rumo à recuperação e que o seu futuro ainda é uma ameaça à economia americana. Ele alertou para os riscos de cortes de gastos exagerados, que podem sufocar a recuperação. Enquanto a zona do euro vai reagindo, surgem outras preocupações no horizonte. Na avaliação do economista David Gordon, diretor de economia global da consultoria Eurasia Goup, o risco, agora, é o aumento do preço do petróleo, com a instabilidade no Irã e a possibilidade de um conflito em todo o Oriente Médio. 

 

Na quinta-feira 22, o barril estava cotado a US$ 107,06, uma alta de 35% em seis meses. Outro fator de apreensão, na avaliação de Gordon, que poderá produzir efeitos mais fortes no Brasil, é a desvalorização da moeda chinesa. “Haverá uma pressão internacional para que a China aprecie sua moeda, mas isso não quer dizer que eles vão ceder”, afirmou à DINHEIRO. O economista Jacob Kirkegaard, do Instituto de Economia Internacional, em Washington, concorda que o pior da crise europeia já passou, mas avalia que a economia mundial ainda terá de amargar um crescimento baixo por alguns anos – inclusive com a desaceleração dos emergentes, como Brasil, Índia e China. 

 

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