28/04/2023 - 0:10
O presidente Lula, já nessa largada de mandato, vai batendo recorde de viagens internacionais em missões consecutivas com as quais pretende reinstalar o Brasil como protagonista no contexto mundial. Vem sendo bem-sucedido. Nos seus pouco mais de 100 dias de governo já foi mais citado e recebido por autoridades globais do que o antecessor Bolsonaro em todo o seu mandato. Conseguiu ainda livrar o País da pecha de pária no concerto das nações, condição com a qual o capitão Messias e sua trupe se vangloriavam, como se fosse uma verdadeira conquista. Lula, ao contrário, vai recosturando relações e sendo ouvido. Em Portugal e Espanha na semana passada, China antes e EUA no início, cravou ideias propositivas de atenção maior aos países desenvolvidos e, mais importante, fechou acordos e contratos bilionários para incrementar a balança comercial. Vergonhosa foi a receptividade de parlamentares portugueses, como claque organizada de militantes estudantis a gritar protestos descabidos na visita de Lula ao parlamento. Receberam um pito do presidente da Casa, deputado Augusto Santos Silva, muito embora estivessem vocalizando o que parte da comunidade estrangeira pensa do mandatário brasileiro com seus planos tidos por alguns como de esquerda ultrapassada. Lula faz ouvidos moucos aos apupos. Traçou um roteiro de resgate de imagem e segue nele. Na contabilidade de milhas, em quatro meses, já foi capaz de dar duas voltas pela Terra com a ida a sete países. E não vai parar por aí. A prioridade é um reposicionamento estratégico da política externa nacional, tornando o Brasil um ator relevante nas discussões globais. Dentro de uma agenda pragmática, chegou a gerar algumas polêmicas com o posicionamento tomado em relação à guerra da Rússia com a Ucrânia. Mas consertou a tempo. Atritos com potências mundiais não estão nos planos e nem é da natureza diplomática do Brasil. Lula está planejando relações mais estreitas com países africanos, encaminhar ainda neste ano o acordo do Mercosul com a União Europeia e, por fim, não menos importante, conquistar o apoio do G7, o bloco dos ricos, para as suas pretensões de um assento no conselho permanente de segurança da ONU e para retomar voz mais ativa na OMC, OCDE e demais organismos multilaterais. Não é pouca coisa, mas para o demiurgo de Garanhuns parece possível vencer todos esses desafios.
Carlos José Marques
Diretor editorial