26/09/2014 - 20:00
Com frequência, sacadas geniais no mundo dos negócios e da ciência acontecem a partir de erros ou são frutos do acaso. Foi assim com o Post-it, aquele bloco de notas na cor amarela fabricado pela americana 3M, e a penicilina, descoberta pelo cientista britânico Alexander Fleming. Com o português Pedro Lopes Ribeiro, controlador e CEO da Slidelog Sistemas Logísticos, aconteceu algo semelhante. Em 2007, ele atuava como vendedor de uma empresa de automação e, ao tentar vender um equipamento a um cliente, ouviu um sonoro não, acompanhado do desafio para que tentasse fazer algo novo.
“De fato, a máquina que eu estava oferecendo era ruim, pois usava tecnologia da década de 1960”, afirma Ribeiro. A partir dessa conversa, ele resolveu apostar na carreira solo. Investiu € 3,5 milhões em pesquisas e em parcerias com fabricantes e desenvolvedores de software, hoje abrigados na holding informal, batizada de Sinergy Logistics Group, que inclui startups de Portugal e da Espanha. Desse processo nasceu a tecnologia Pick, capaz de automatizar o estoque de produtos nobres e organizar o fluxo de distribuição dos mais variados itens, de cosméticos a ferramentas.
Trata-se de um negócio que rendeu € 11 milhões, em 2013, à Slidelog, mas cujo potencial é exponencial. Foi de olho nisso que Ribeiro se mudou, de mala e cuia, para São Paulo. “Perguntei aos meus executivos quem estava disposto a comandar a filial brasileira e ninguém quis”, diz. “Então, resolvi vir eu mesmo.” Hoje, a Slidelog é talvez a única empresa do mundo na qual o dono e CEO dá expediente na filial. Ribeiro desembarcou por aqui no início de 2013 e fechou contrato de venda de equipamentos de automação para a Força Aérea Brasileira (FAB). Seu foco, agora, é o segmento de saúde, obrigado por uma resolução da Anvisa à adoção de mecanismos para rastreamento de medicamentos.
“Essa regulamentação deverá gerar negócios de até R$ 3,5 bilhões”, afirma. Mas o apelo mais forte na hora de prospectar clientes tem sido a possibilidade de os gestores reduzirem as perdas provocadas por desvios de produtos nobres. No sistema desenhado pela SlideLog, os medicamentos ficam “confinados” em uma espécie de geladeira e são liberados a partir da identificação biométrica e de códigos de barras. A manipulação interna é feita por braços mecânicos. Todo o processo é acompanhado por câmeras. Pelas contas do executivo, cada hospital gasta entre R$ 18 milhões e R$ 60 milhões em medicamentos por ano.