16/12/2016 - 20:00
As discussões quanto às vantagens e desvantagens das alterações nas regras de terceirização, permitindo subcontratar empresas para realizar até mesmo a atividade-fim, devem se estender até que a lei seja aprovada no Senado, depois de receber o sinal verde da Câmara dos Deputados. Algumas companhias, no entanto, têm a convicção de que a chamada modernização da CLT trará muitos benefícios, ao menos para elas. Esse é o caso da paulista Manserv, a maior em terceirização de serviços industriais do País, fundada por Celso Lambais em 1985, e que fatura R$ 1,6 bilhão.
A empresa calcula que, se aprovada, a nova lei multiplicará esse mercado nos próximos anos – e, por consequencia, pode até triplicar suas receitas. Atualmente, 12 milhões de pessoas trabalham nesse regime. Outros 38 milhões de brasileiros com carteira assinada são funcionários diretos. “Se a lei passar, todos os nossos planos serão revistos para cima”, Donizete Santos, presidente da Manserv. “O desafio será contratar e treinar tanta gente.” Para Vander Morales, presidente da Fenaserhtt, federação das empresas de serviços, a nova lei deve ajudar a turbinar a geração de empregos.
Durante a crise, a empresa tem se expandido, aproveitando a tendência das grandes companhias de buscarem fornecedores para os quais passar mais atividades, simplificando a gestão. A Volvo, por exemplo, concentrou na companhia serviços que antes eram terceirizados para 23 fornecedores, desde a limpeza até a manutenção da fábrica. A Manserv espera crescer 31% neste ano, para R$ 2,1 bilhões de faturamento. Apenas no primeiro semestre, ganhou 90 contratos, com empresas que incluem, além da Volvo, a Braskem, a Chevron, a Petrobras, o Walmart e a Gerdau.
Com isso, contratou, até novembro, 2,3 mil pessoas. Agora, a Manserv possui mais de 20 mil funcionários e chegou a superar 25 mil pessoas enquanto realizava projetos de paradas técnicas industriais. Outra causa para a sua forte expansão tem relação com a estratégia de entrada em novas áreas. A Manserv tem buscado contratos em atividades de logística interna e de gestão de unidades corporativas, com serviços de manutenção predial, limpeza, segurança e jardinagem. Ela planeja também disputar projetos de concessão de energia e atuar na manutenção de redes aéreas de telecomunicações.
O primeiro passo foi dado no ano passado em projeto da rede elétrica da AES Eletropaulo. As novas áreas já trazem quase metade do faturamento. Para conseguir essa renovação de oferta, a Manserv está investindo R$ 130 milhões neste ano. “Não é comum investir na crise, mas é o necessário para ser mais competitivo”, diz Santos. Isso envolve até um centro de inovação em serviços, na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro. Há ainda planos de expandir a atuação no Nordeste , para atender a Braskem, e na América Latina, estratégia iniciada pela Argentina e que vai se expandir para a Colômbia em janeiro.