O cenário parecia simples no início de 2013. Os economistas esperavam um crescimento de 4%, juros de 7,25% ao ano em dezembro e uma taxa de câmbio média de R$ 2,01. Nada disso se confirmou. Passados 12 meses, as expectativas são de um crescimento de 2%, juros a 10% e o dólar médio a R$ 2,17. As consequências dessa inesperada reversão de expectativas foram dramáticas para os fundos multimercados, que podem investir em todos os tipos de ativos – ações, juros, crédito, taxas de câmbio e derivativos. 

 

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Johannesburgo, África do Sul: o país sediou a Copa do Mundo de 2010, vencida pela Espanha

 

Em muitos casos, o dono dos recursos teria feito um negócio melhor em termos de rentabilidade, tributação e risco se tivesse aplicado seu dinheiro em uma caderneta de poupança de um grande banco. Na média, os fundos multimercados do tipo juros e moedas foram ainda pior, apenas 5,11%, abaixo até da inflação acumulada no período. Os fundos multiestratégia, cujos gestores podem investir em literalmente tudo, renderam apenas 6,73%, segundo a Anbima, entidade que representa o setor. Na prática, o trabalho da grande maioria dos gestores não agregou valor para o investidor. 

 

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“A volatilidade do mercado foi muito mais elevada do que nos anos anteriores”, diz José Tovar, CEO da gestora carioca ARX Investimentos. Mesmo com toda a dificuldade, Tovar e sua equipe conseguiram liderar a relação entre risco e retorno em duas das categorias desses fundos. O fundo ARX Extra, do tipo estratégia específica, rendeu 12,6% nos 12 meses findos em novembro. Na média, os fundos dessa categoria apresentaram uma perda média de 0,04%. 

 

A gestora carioca ARX adotou uma 

estratégia pessimista e obteve ganhos acima da média 

 

O bom resultado deveu-se à escolha de algumas ações como Cielo, Itaú e BB Seguridade, diz Tovar. No caso do fundo ARX Especial, um multimercado do tipo macro que tem maior liberalidade para investir, a rentabilidade em 12 meses foi de 19,8%, mais que o dobro da média de mercado, de 8,35%. A chave foi uma atitude francamente pessimista. “Percebemos, no início do ano, que havia uma boa probabilidade de deterioração dos cenários”, diz Mariana Dreux, gestora do fundo. Não espere grandes melhoras em 2014. 

 

“Não será um ano fácil, tudo vai depender de quando o Banco Central americano vai retirar a injeção de recursos da economia”, diz Ilan Goldfajn, economista-chefe do banco Itaú Unibanco. Se isso ocorrer mais para o fim do primeiro semestre, avalia, as moedas de países como o Brasil terão mais um período de estabilidade. Caso contrário, é quase certa uma depreciação do real. Outra fonte de tensão virá das urnas. “O governo ficará dividido entre fazer os ajustes necessários na política fiscal no início do ano ou postergá-los para 2015, tendo em vista a eleição”, diz Tovar. “Não há escolhas óbvias para o câmbio e para os juros, o que deverá tornar o mercado menos previsível.” 

 

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