Durante os 18 meses em que esteve no comando da General Motors (GM) no Brasil, a americana Grace Lieblein marcou sua gestão pela quantidade de carros apresentados ao mercado. Foi, em média, um a cada dois meses. Sob seu comando, a montadora lançou nove veículos. Só este ano, sete projetos saíram do papel. Exemplos dessa nova safra da GM são a nova picape S10, o hatch Cruze6, o compacto Sonic nas versões hatch e sedã, a minivan Spin, o compacto Onix e o utilitário Trailblazer. Para uma empresa centenária, e que quase foi à bancarrota em 2008, por conta das atribulações da matriz, em Detroit, foi uma renovação que deu novo vigor à companhia. 

 

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Ameaça real: Grace Lieblein deu agilidade à GM em um cenário que ficará mais competitivo,

com a chegada de sete novos fabricantes ao País nos próximos três anos

 

Em especial no Brasil, um de seus principais mercados. No mesmo período, suas principais concorrentes – Fiat, Volkswagen e Ford – não tiveram mais do que três lançamentos cada. “Foi um ano de recorde, um fato inédito na história da indústria automobilística nacional”, afirma Jaime Ardila, presidente da GM América do Sul, que assumiu interinamente a operação local no lugar de Grace, promovida a vice-presidente mundial de compras e da cadeia de suprimentos. A velocidade implementada por Grace foi uma medida mais do que necessária. Afinal, a competição no mercado brasileiro está cada dia mais acirrada. 

 

A lição de Grace é que, para se manter no topo, não basta mais fazer parte do quarteto de ferro – referência às maiores montadoras presentes no Brasil: Fiat, Volkswagen, Ford e a própria GM. É preciso agir com velocidade às mudanças do mercado. Explica-se: atualmente 13 fabricantes de automóveis produzem localmente. Esse número, no entanto, deverá saltar para no mínimo 20, nos próximos três anos. As asiáticas Toyota e Hyundai são frutos desse mesmo movimento, que começou nos últimos 36 meses. Elas construíram fábricas no Brasil e apostam no segmento de compactos, categoria que representou 60% das vendas de carros no País, em 2011. 

 

O quarteto de ferro detém uma fatia de 80% dessa área. Mas esse cenário tende a mudar. Considere a coreana Hyundai, que inaugurou sua fábrica em Piracicaba, no interior de São Paulo, neste ano. O HB20, carro que sai dessa linha de montagem, figurou entre os dez mais vendidos do País, em novembro. Com o aumento da concorrência, a GM precisava rapidamente atualizar-se. “Muitos lançamentos da marca foram adiados por conta da crise internacional”, afirma José Roberto Ferro, especialista automotivo e presidente do Lean Institute Brasil. 

 

“E a linha ficou defasada. “Uma consequência desses problemas foi a perda de quase dois pontos percentuais em três anos. A renovação de sua linha de carros, no entanto, ainda não surtiu todo o efeito desejado – as vendas da marca cresceram 1,6% até novembro e a GM perdeu 0,8 ponto percentual nos últimos 12 meses. Mas os resultados já começam a aparecer. Lançado em outubro, o Onix, substituto do Corsa, por exemplo, foi o sexto carro mais vendido do Brasil, na primeira quinzena de dezembro. “Os novos produtos são importantes para dar fôlego à GM e mantê-la entre as maiores do País”, afirma o consultor André Beer, ex-vice-presidente da subsidiária brasileira da GM. 

 

 

O que aprendi sobre investimentos em mares turbulentos

 

 

O Brasil amadureceu

 

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“Foi um ano de reflexão sobre o euro, sobre a crise mundial, sobre um novo modelo macroeconômico e sobre os nossos valores éticos e morais. O Brasil amadureceu, nossas empresas consolidaram os feitos passados e nos preparamos para a retomada dos investimentos, a partir de 2013”

Joesley Batista, presidente da holding J&F

 

 

Faltam regras claras

 

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“No Brasil, não existem regras claras. Não há tratamento isonômico. o setor de veículos importados foi surpreendido. Na realidade, trabalhar com seriedade neste País pode significar punição” 

José Luiz Gandini, presidente da Kia Motors

 

 

Imposto cai, venda cresce

 

“As vendas de produtos essenciais à população, como refrigeradores e máquinas de lavar, crescem à medida que os impostos caem” 

Lourival Kiçula, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos

 

 

A culpa não é dos chineses

 

“A demora no combate ao custo Brasil impede o fortalecimento da indústria. A presidenta Dilma reconheceu que nem tudo é culpa dos chineses”

Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China (CCIBC)

 

 

Crise de confiança

 

“Tivemos de administrar um cenário mais difícil como resultado de uma crise de confiança do mercado. Reafirmamos nossa confiança no País, no governo e nos fundamentos da economia, não só como uma aposta presente, mas também como um pilar de sustentação ao nosso plano de crescimento futuro” 

Enéas Pestana, Presidente do Grupo Pão de Açúcar

 

 

Incentivos não bastam

 

“Não basta o governo dar incentivos para que os investimentos apareçam. Nós precisamos de estabilidade nas regras e de um horizonte claro de encomendas” 

Paulo Castelo Branco, diretor-geral da NEC

 

 

A palavra de ordem é velocidade

 

“O Brasil não conseguiu estabelecer uma engrenagem adequada para mover o País rumo ao crescimento econômico esperado. A palavra de ordem agora é velocidade. Os programas na área de infraestrutura, sobretudo em transporte e logística, estão lançados com o foco correto. Temos, agora, de fazê-los funcionar” 

Paulo Godoy, presidente da Abdib

 

 

Papel do empreendedor

 

“A lição foi a importância do papel dos empreendedores individuais para movimentar o consumo privado nacional que, com o apoio do governo, tem contribuído para a economia” 

Rômulo de Mello Dias, presidente da Cielo

 

 

Mercado aberto

 

“Fizemos a maior abertura de capital do ano, ou seja, há espaço no mercado para boas propostas”

Persio Arida, sócio do BTG Pactual

 

 

Mudança nas regras

 

“Temos de estar atentos para bruscas mudanças na regra do jogo. Essas mudanças obrigam os empresários a guardar mais caixa e a investir com maior prudência” 

Sérgio Habib, presidente da JAC Motors 

 


Produto diferenciado

 

“O Brasil ainda comporta um produto diferenciado. O passageiro brasileiro não tem a cultura de pagar por um sanduíche a bordo. É uma visão que eu tinha e que foi concretizada neste ano” 

José Efromovich, presidente da Avianca

 

 

Importância do diálogo

 

“Diálogo é fundamental para a conquista da nossa ‘licença social de operação’, nas Comunidades onde estamos inseridos, e junto ao governo, que foi sensibilizado e está focado em estimular a competitividade da indústria no País”

Franklin Feder, presidente da Alcoa América Latina e Caribe

 

 

Brasil é imbatível

 

“Investir no Brasil é imbatível, desde que não nos abatamos com a dificuldade que é investir no Brasil” 

Horácio Lafer Piva, conselheiro da Klabin

 

 

Investidor mais seletivo

 

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“O investidor estrangeiro está mais exigente e mais seletivo com os preços dos IPOs. As empresas descobriram, de forma definitiva, que há valor em se alinhar às melhores práticas de governança corporativa do Novo Mercado” 

Edemir Pinto, presidente da Bovespa 

 

 

Flexibilidade nos negócios

 

“O Brasil confirma seu enorme potencial de crescimento e desenvolvimento que, ao mesmo tempo, demanda das empresas a capacidade de lidar com cenários que exigem cada vez mais velocidade, flexibilidade nos negócios e investimento em inovação, para atingir uma nova classe consumidora ainda mais exigente e consciente daquilo que merece”

Enrico Zito, Ceo da Whirlpool Eletrodomésticos

 

 

Reação às dificuldades

 

O maior legado foi perceber o dinamismo e a capacidade de reação do mercado diante das dificuldades. O potencial de crescimento do mercado brasileiro está se confirmando mais uma vez”

Olivier Murguet, Presidente da Renault

 

 

Ibovespa não diz tudo

 

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“O Índice Bovespa não conta toda a história, há valor nas empresas voltadas para o mercado interno” 

José Olympio Pereira, CEO do Credit Suisse Brasil

 

 

Marco na estratégia global

 

“O ano de 2012 representou um marco na consolidação da estratégia de lançamentos de produtos globais, como o Novo EcoSport. O novo SUV foi projetado por engenheiros brasileiros e será produzido também na China, Índia e Tailândia para comercialização em mais de 100 países” 

Rogelio Golfarb, Vice-presidente de Assuntos Corporativos da Ford América do Sul

 

 

Ambiente legal melhorou

 

“Vivemos um momento muito favorável para o empreendedorismo brasileiro. A melhora do ambiente legal, a redução da taxa de juros e a ampliação do crédito favoreceram o universo dos pequenos negócios, que representam 99% das empresas do País. De cada três pessoas que abrem um negócio no Brasil, duas fazem isso por acreditar nessa oportunidade” 

Luiz Barretto, presidente nacional do Sebrae