Era tão tradicional quanto o show de Roberto Carlos no fim de ano. O empresário Abilio Diniz subia ao palco e conversava com os funcionários da empresa no quadro “Fale com Abilio”, na festa dos empregados do Pão de Açúcar. Neste ano, Diniz não foi ao evento comemorativo, que aconteceu em meados de dezembro, em uma casa de espetáculo, em São Paulo. “Por decisão do novo controlador e da direção, não foi permitida a minha participação na mesma forma como nos anos anteriores”, relatou Diniz, em uma mensagem enviada aos funcionários da companhia. Essa cena poderia ser a síntese de um ano que Diniz, provavelmente, preferiria esquecer. O empresário está fora da festa que ele ajudou a organizar, justamente em um dos melhores momentos do Pão de Açúcar. 

 

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Tempo quente: Diniz entrou com um processo de arbitragem contra o Casino. Quer assegurar sua função

de presidente do conselho do Pão de Açúcar

 

A despeito da briga com o francês Jean-Charles Naouri, CEO do grupo Casino, que assumiu o controle do Pão de Açúcar em junho de 2012, a companhia tem obtido desempenho recorde em receita e em lucros. Suas ações também foram negociadas pelo valor mais alto de sua história neste ano e subiram quase 40%. Apesar desse cenário de bonança, Diniz e Naouri vivem às turras e protagonizaram diversos embates públicos. Concordaram apenas na substituição do presidente da Viavarejo, Raphael Klein. De resto, trocaram e-mails ríspidos e debateram de forma acalorada nos conselhos do Pão de Açúcar os caminhos que a rede de varejo deveria seguir – cada um indicando uma direção oposta à do outro. 

 

“Neste ano, os valores que eu prego de felicidade, respeito, equilíbrio emocional e humildade foram testados como nunca”, disse Diniz, por e-mail, à DINHEIRO. “E eles, mais uma vez, foram uma força fundamental para eu seguir adiante.” O mais novo embate entre Diniz e Naouri acontecerá em um tribunal. Na quinta-feira 20, o empresário brasileiro entrou com um pedido de arbitragem contra o Casino. Diniz alega que a medida tem a finalidade de assegurar que seu sócio francês cumpra o acordo de acionista da Wilkes, a holding que controla o Pão de Açúcar, e se abstenha de praticar ações que violem sua função como presidente do conselho de administração. 

 

“Em um conflito entre os sócios, não existe nada melhor do que ter um bom contrato”, diz Anna Maria Guimarães, conselheira do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. “Mas é preciso ter também flexibilidade e manter boas relações interpessoais.” Trata-se de uma lição que Diniz, prestes a completar 76 anos, está aprendendo na prática. Assinado em novembro de 2006, o contrato de acionistas assegura a Diniz o direito de ser presidente do conselho de administração enquanto estiver fisicamente capacitado para exercer essas funções e durante o prazo em que o Pão de Açúcar mantiver um histórico de bom desempenho. 

 

Diniz, quando o assinou, confiava que manteria o mesmo bom relacionamento que tinha com Naouri, desde 1999, quando o francês investiu pela primeira vez na rede brasileira. Portanto, à frente do conselho manteria os poderes para decidir o destino da companhia. Mas, desde 2010, quando tentou uma fusão com o Carrefour, a relação de “irmãos”, como Diniz certa vez definiu sua parceria com Naouri, azedou. E nunca mais foi a mesma. Agora, ao mesmo tempo que negocia sua saída, Diniz briga para não se transformar na rainha da Inglaterra do Pão de Açúcar.

 

 

 

O que aprendi sobre gestão em tempos de crise

 

 

Agilidade nas decisões

 

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“Foi um ano de muitos desafios no setor do aço, considerando o cenário econômico mundial e os elevados custos com matérias-primas. Nesse cenário, a Gerdau se adaptou rapidamente às oscilações do mercado, com agilidade na tomada de decisões e flexibilidade em nossas operações” 

André Gerdau Johannpeter, presidente da Gerdau

 

 

Apagão de recursos humanos

 

“De todos os desafios, que não foram poucos, o grande destaque é gente. Estamos passando no Brasil por um período de demanda de recursos humanos que não consegue ser suprida na qualidade requerida. Vivemos um apagão de recursos humanos” 

Otávio de Azevedo, presidente do grupo Andrade Gutierrez

 

 

A hora de dizer não

 

“A direção da companhia, em 2012, foi recuperar a saúde financeira. E isso determinou muitos ‘não’ e alguns ‘sim’” 

Gino Di Domenico, presidente da Brasil Kirin

 

 

Professor da bola

 

“A grande lição de 2012 quem deu foi o Corinthians e o grande professor foi o Tite. Ela se baseia na demonstração prática de que uma equipe unida e bem treinada pode superar a falta de grandes individualidades. O exemplo veio do futebol, mas vale também para os negócios e para a vida” 

Washington Olivetto, chairman e CCO da WMcCann

 

 

O erro ensina

 

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“Precisei me reinventar ao voltar a presidir o grupo, mas prefiro errar andando do que acertar parado” 

José Seripieri Jr., presidente da Qualicorp 

 

 

Improviso em baixa

 

“Uma política pública bem-sucedida tem que ter foco, metas e métrica. Nosso grande desafio é garantir os ganhos obtidos pela classe média brasileira, que colocou R$ 1 trilhão na economia somente neste ano” 

Wellington Moreira Franco, ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE)

 

 

Mundo virtual

 

“Uma das principais lições para mim é que, mesmo no mundo virtual, as pessoas também querem relacionar-se” 

Luiza Helena Trajano, presidente da Magazine Luiza

 

 

Convicção nas incertezas

 

“É importante ter foco e manter firmemente suas convicções mesmo num cenário de incertezas” 

Zeco Auriemo, presidente da JHSF

 

 

A hora do coletivo

 

“A vitória coroou um projeto coletivo, consistente e criativo para mudar São Paulo. Foi o começo de uma nova jornada de trabalho, esforço e dedicação, para honrar as expectativas dos paulistanos e erguer nossa cidade ao seu verdadeiro potencial” 

Fernando Haddad, prefeito eleito de São Paulo

 

 

Riscos calculados

 

“Aprendi a importância da inovação, de ousar e sair na frente. Como empreendedor, temos de tomar riscos calculados” 

Adib Jacob, presidente da divisão farmacêutica da Novartis

 

 

Reinvenção do negócio

 

“O grande aprendizado foi aumentar a eficiência da empresa para atingir nossas metas financeiras. Estamos em processo de reinvenção do nosso modelo de negócios para lidar com esse novo ambiente competitivo” 

Amos Genish, presidente da GVT

 

 

Todo mundo tem razão

 

“Até os tempos recentes, a máxima do mundo dos negócios era a de que o cliente sempre tem razão. No mundo atual, cada vez mais interconectado, todos os stakeholders têm razão” 

Osni de Lima, presidente da Rhodia América Latina

 

 

O ativismo prudente

 

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“É preciso ter prudência com as incertezas e ativismo com as nossas convicções” 

Murilo Ferreira, presidente da Vale

 

 

O peso dos valores

 

“Os valores que eu prego de felicidade, respeito, equilíbrio emocional e humildade foram testados como nunca neste ano. E eles, mais uma vez, foram uma força fundamental para eu seguir adiante”

Abilio Diniz, presidente do conselho de administração do Pão de Açúcar

 

 

Eficiência e transparência

 

“Uma estratégia correta, com execução eficiente e transparência, é fator crucial para o sucesso de uma companhia”

Rodrigo Galindo, presidente da Kroton

 

 

Espelho, espelho meu

 

“Diante do cenário de concorrência acirrada, o varejo precisa oferecer produtos e serviços personalizados para que o público se identifique” 

Romero Rodrigues, fundador do Buscapé 

 

 

Exercício do diálogo

 

“O setor de caminhões e ônibus passou por uma transição de tecnologias de motores. Com isso, exercitamos muito o diálogo com sindicato, colaboradores e fornecedores, buscando ajustar a empresa a essa nova realidade”

Roberto Cortes, presidente da Man Latin America

 

 

Sandálias da humildade

 

“A maior lição que vou levar é a humildade que todos devemos ter para fazer uma imersão no entendimento da percepção, dos hábitos e atitudes do comportamento da chamada nova classe C” 

Luiz Lara, presidente da Abap e chairman da Lew’LaraTBWA

 

 

Envolvimento do pessoal

 

“Sem o envolvimento dos milhares de funcionários da HP, não teríamos conseguido levar adiante o projeto de reconstrução e transformação da empresa” 

Oscar Clarke, presidente da HP Brasil 

 

 

Como escapar da marreta

 

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“O futebol, assim como tudo na vida, não se faz do dia para a noite. Tudo é sequência de um trabalho. Não existe imediatismo. Além disso, a vitória só vale se houve continuidade. Em 2013, temos de ganhar o Campeonato Paulista de novo. Se não, vão descer a marreta na gente” 

Mário Gobbi, presidente do Corinthians

 

 

Preservar a cultura

 

Vivenciei um superaprendizado sobre a importância de preservarmos a cultura e a essência da nossa organização no processo de forte expansão. É isso que garante e dá suporte ao nosso crescimento de forma madura, estruturada e sempre na direção correta” 

Artur Grynbaum, presidente do Grupo Boticário