Temperaturas vão oscilar entre 18°C e 30°C até o fim de janeiro em São Paulo. Temporais praticamente todos os dias. Em Porto Alegre (RS), os termômetros podem chegar aos 35°C, com menos precipitações. Pelos lados de Natal (RN), calor predominante, com mínimas de 24°C, algumas nuvens e pouca chuva. Os dados são da plataforma Climatempo e quem está de olho nos detalhes da variação climática em todo o território nacional é a LG, líder em vendas de ar-condicionado no Brasil há três anos. Segundo a GFK, empresa alemã de estudos de mercado, a fabricante sul-coreana de eletrônicos possui 22,3% de participação em vendas gerais desses aparelhos por aqui. No modelo Inverter, mais caros mas de maior eficiência energética, o share é de 41% e a empresa lidera as vendas desde 2016. Para ampliar esse mercado, a LG olha para o céu e para as informações da Climatempo, contratada pela empresa para fazer consultoria e previsões meteorológicas. “Para nós, o calor é um sinaleiro importante. Apesar de o ar-condicionado ser um item cada vez mais planejado, o calor desperta o desejo de compra pontual”, afirmou à DINHEIRO André Pontes, gerente de produto de ar-condicionado da LG.

“Continuamos com o foco em oferecer produtos modernos, econômicos, com máxima eficiência” Roberto Barboza vice-presidente de vendas da LG Eletronics do Brasil.

Guardadas as devidas proporções, a LG tem um time que forma uma versão mais tropical do que ocorre no filme Twister, de 1996, em que um grupo de cientistas vai atrás de tornados para estudar esses fenômenos. No caso da companhia sul-coreana, “é a caça ao calor”, segundo Pontes. A partir das perspectivas climáticas dos próximos 45 dias, a LG aciona varejistas e seu corpo de vendedores nas regiões brasileiras onde o calor vai predominar. Campanhas específicas de marketing digital também são iniciadas em localidades onde o sol bater mais forte. E se tiver chuva e frio? A empresa coloca em prática uma estratégia de enfatizar as linhas de produtos que possuem as funcionalidades tanto de ar frio quanto de ar quente. E também acelera os acordos com as obras imobiliárias que adotam sistemas de ar-condicionado em seus projetos.

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Os negócios de ar-condicionado são a segunda maior fonte de receita — atrás dos televisores — da LG, que em 2021 faturou US$ 59,9 bilhões globalmente. Até o terceiro trimestre de 2022, os resultados foram cerca de 15% superiores ao mesmo período do ano anterior. Com planta fabril em Manaus, a operação brasileira é considerada a segunda maior da companhia, com os Estados Unidos na ponta. Roberto Barboza, vice-presidente de vendas da LG Electronics do Brasil, se diz confiante com o mercado nacional de refrigeração. “Continuamos com o foco em oferecer produtos modernos, econômicos, com máxima eficiência energética e excelente climatização para conquistarmos ainda mais consumidores no País”, afirmou.

ENERGIA Se por um lado a LG quer estar a par das variáveis meteorológicas, por outro está preocupada com o aquecimento global. Não por acaso — e, óbvio, também por questões de mercado — a companhia direcionou seus esforços para a linha Inverter e desde 2016 deixou de produzir aparelhos de ar-condicionado convencionais. O compressor Dual Inverter reduz até 70% o uso de energia, com refrigeração até 40% mais rápida. Enquanto o aparelho convencional desliga seu compressor quando atinge a temperatura sugerida no ambiente — e liga novamente quando a temperatura subir —, o Inverter mantém essa peça ligada, mas em menor potência, quando há variação. O liga-desliga intermitente demanda muito mais energia. É como se o produto normal fosse um carro andando pela cidade e o Inverter um veículo em tráfego por uma rodovia. Para André Pontes, a mensagem ao consumidor tem de ser clara. “Não podemos ser inimigos do consumo energético. Por isso investimos em inovação e tecnologia”, afirmou.

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“Não podemos ser inimigos do consumo energético. Por isso investimos em inovação e tecnologia” André Pontes Gerente de Produto da LG.

Sete anos atrás, o mercado nacional de ar-condicionado era composto por 78% de aparelhos tradicionais e 22% da categoria Inverter. Hoje a realidade é outra. De acordo com a GFK, em meados do ano passado 55,8% dos ares-condicionados residenciais do Brasil eram do modelo Inverter. Mas são outros dois indicadores que fazem a LG entrar no clima para vender mais. Um deles é o fato de apenas 22% das moradias do Brasil possuírem ar-condicionado. “Há grande potencial de mercado a ser explorado”, disse Pontes, ao ressaltar que as ocasiões de uso de refrigeração de ambiente estão cada vez mais aderentes, seja em carros, lojas ou escritórios. O outro é a mudança na classificação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) para o cálculo de índice de eficiência energética dos aparelhos de ar-condicionado. Desde o dia 1º de janeiro somente modelos com a tecnologia Inverter são classificados com o selo A.

Com o avanço para essa linha por concorrentes como Consul, Electrolux, Midea, Panasonic e Samsung, a previsão é de acirramento da disputa pelas fatias de mercado. Para manter — e até ampliar — a liderança, a fabricante sul-coreana vai além das previsões climáticas e redução do consumo de energia. Aposta na forte relação com os principais players varejistas do País, realiza treinamentos para instaladores de ar-condicionado e investe em inovação. A tecnologia exclusiva de purificação do ar, com microlâmpadas ultravioletas dentro dos aparelhos, muito usadas em hospitais e aviões para esterilização, é um dos diferenciais. O outro é o aplicativo LG ThinQ, pelo qual os consumidores monitoraram, gerenciam e conectam seus dispositivos a distância. O Brasil é o terceiro do mundo no ranking de utilização do app, atrás apenas da Coreia do Sul e dos EUA. “Temos muitos novos clientes para alcançar por aqui”, disse Pontes, que espera uma trajetória sem chuvas e trovoadas nos negócios da companhia em 2023.