Dois hábitos de consumo se destacam no período de volta às aulas. Um é o dos estudantes que adoram conhecer novidades e se abastecer de lápis, canetas, cadernos e outros itens usados em seu dia a dia das escolas. Outro é dos pais, quase sempre apreensivos com as despesas exorbitantes com os itens de papelaria. Para conciliar o desejo de uns e a cautela de outros, o Grupo Leonora, que atua há 39 anos no setor, tem adotado duas estratégias certeiras: diversificar os produtos e praticar preços abaixo da concorrência. Com 1,4 mil itens no portfólio, a fabricante brasileira se destaca por vender mais barato que as multinacionais Bic e Faber-Castell. Neste início de ano, os resultados já são recordes. “A volta às aulas de 2023 tem sido especial. Crescemos 50% pautados em mais de 400 lançamentos e grande parceria com nossos clientes em todo Brasil”, disse o CEO do Grupo Leonora, Alberi Rodrigues.

NA PONTA DO LÁPIS CEO do Grupo Leonora, Alberi Rodrigues comemora crescimento de 50% nas vendas do período de volta às aulas em 2023. (Crédito:Divulgação)

A projeção é fechar o ano fiscal, que considera o período de abril de 2022 a março de 2023, com faturamento de R$ 390 milhões. Já para o ciclo que se encerra em 2024 a expectativa é alcançar R$ 500 milhões, meta que vem acompanhada de esforços de promoção em toda a cadeia. Mais da metade do que a empresa fatura no ano vem das compras de material escolar entre os meses de dezembro e fevereiro. Dada a importância do período, é nele que se concentram os investimentos do grupo em marketing, com maior aproximação do consumidor por meio promoções, lançamento de produtos e aumento da capilaridade dos pontos de venda.

A Leonora possui presença nacional, com distribuição em mais de 12 mil lojas, de pequenas papelarias até grandes redes como Kalunga, Le Biscuit e Americanas — inclusive está na extensa lista de credores da varejista que entrou em recuperação judicial após protagonizar o maior escândalo contábil do País. Para o diretor de negócios e membro do conselho do Grupo Leonora, Edson Cardoso Teixeira, a atual crise da Americanas não impacta de forma profunda a empresa, já que não há concentração de parceiros no faturamento. Segundo ele, o maior cliente em concentração representa 3% do faturamento. Mas o episódio afeta o setor no quesito distribuição. “A preocupação é pela perda de pontos de venda e pelo mercado ficar mais fragilizado”, afirmou. Além das grandes redes parceiras, no ambiente on-line a participação da Leonora tem crescido graças à possibilidade de alcançar clientes menores, que seus representantes de venda não conseguiam. Considerando as vendas para empresas e as diretas para o público, o e-commerce representa 5,5% do faturamento. Uma receita bem menor que a obtida com licitações junto aos governos municipal e estadual. Por meio delas, a empresa pode fornecer itens incluídos nos kit escolares da rede pública de todo o Brasil, em conjunto com outras marcas autorizadas. Essa frente representa hoje 18% do faturamento do grupo.

NOVOS NEGÓCIOS Em 2020, quando o Grupo Leonora completou 36 anos de existência, seus executivos decidiram mudar e ir além do setor de papelaria. Naquele ano foi criada uma Corporate Venture Bulding, a Leonora Venture, para atrair e apoiar startups com soluções para o varejo e para a educação. “A ideia foi reverberar aqui dentro o espírito de inovar”, disse Teixeira. Atualmente o programa conta com 12 iniciativas, mas 140 já passaram pelo processo de seleção. Já no ano seguinte a Leonora entrou no segmento de acessórios eletrônicos, como carregadores, caixas de som e teclados. Promissor, este mercado cresce conforme a vida passa a ser mais digital, inclusive o aprendizado, motor de vendas do Grupo. Atualmente a Letron representa apenas 5% do faturamento, mas a meta é que sua participação responda por algo entre 15% a 18%.

A Leonora não possui fábricas para seus produtos. A maioria dos itens eletrônicos e de papelaria são importados, com produção concentrada na Ásia, onde a empresa consegue melhores contratos que permitem o objetivo de preços baixos no produto final. No entanto, a pesquisa por novidades e o desenvolvimento dos mesmos são feitos por uma equipe interna. Com 14 milhões de caixas de lápis vendidas entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023, o Grupo Leonora comprova que seu caminho está muito bem desenhado.