A pandemia refletiu em queda de resultados para muitas empresas e, em casos mais extremos, até em falência. O cenário, no entanto, não foi o mesmo entre as companhias de tecnologia. Segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV), a crise sanitária acelerou a transformação digital entre as organizações no Brasil e, com isso, a maioria registrou crescimento nos negócios. O custo e o investimento em TI corresponderam a 8,7% do faturamento das empresas em 2021, enquanto a venda de computadores alcançou a marca de 14 milhões de unidades, volume 27% superior ao do período anterior.

Atenta ao comportamento da pandemia pelo País, a Lenovo foi uma das beneficiadas pelo incremento do setor. A companhia chinesa atingiu faturamento recorde de US$ 70 bilhões em 2021, valor 18% maior na comparação anual, fechando com um Ebitda de US$ 4,7 bilhões. Além disso, somente no primeiro trimestre do ano fiscal da empresa (abril de 2022 a março de 2023), a receita já atingiu US$ 16,9 bilhões. “A companhia vem batendo recordes há praticamente nove trimestres consecutivos e mundialmente surpreende o mercado mesmo com as previsões otimistas dos analistas”, disse à DINHEIRO Ricardo Bloj, CEO da Lenovo no Brasil.

O faturamento recorde é referente aos três grupos de atuação: dispositivos inteligentes, focados em PCs, tablets, smartphones e outros; soluções de infraestrutura, atuante em data centers, edge computing e segmentos híbridos de nuvem; e, por fim, soluções e serviços, que foca em aumentar a eficiência e a agilidade dos negócios, com softwares de apoio e ferramentas para hardware.

A Lenovo possui 35 fábricas pelo mundo, sendo quatro delas no Brasil — uma da própria bandeira e três terceirizadas. Além disso, pelo mundo são 14 centros de pesquisa e desenvolvimento (R&D) , setor que teve um aumento de 43% em investimento no ano fiscal 2021/2022 e abriu 12 mil vagas globalmente. “Fazemos os nossos produtos do zero, do desenvolvimento à fabricação”, disse Bloj.

A companhia, segundo o CEO, tem 23% de participação no Brasil no mercado de dispositivos, além de ser uma das mais tradicionais em portáteis. O segmento de dispositivos inteligentes apresenta a maior novidade da marca: o conceito rollable, que corresponde a smartphones e laptops com telas OLED e pOLED flexíveis, que oferecem equilíbrio entre os conteúdos exibidos e o conforto para os usuários. O anúncio foi feito conjuntamente com a Motorola, comprada em 2014 pela Lenovo.

O dispositivo pode funcionar em dois estados: com a tela estendida, para uso ativo; e com ela retraída, para um formato que cabe no bolso, menor do que a maioria dos aparelhos premium no mercado. Segundo anúncio oficial, a novidade deve trazer benefícios para produtividade, atividades multitarefas e aplicações de mobilidade nos dispositivos, tanto para o mercado corporativo como para o consumidor final.

A empresa atua nacionalmente com os smartphones da Motorola, mas também comercializa os aparelhos da linha Lenovo, como o Legion, modelo focado no público gamer. “A marca Lenovo é mais presente na China, é muito forte lá. Mas no resto do mundo é Motorola.”

NOVO APLICATIVO Parte das inovações entre smartphones e laptops, o Lenovo Freestyle é um novo aplicativo que possibilita a colaboração entre um tablet e um computador, a exemplo do que acontece nos dispositivos da Apple, permitindo que os usuários transformem seus tablets em uma segunda tela portátil.

Na onda do metaverso, a Lenovo anunciou recentemente avanços nas “personas virtuais” ou “humanos digitais”, para enfrentar os desafios impostos pela videoconferência tradicional, incluindo largura de banda, qualidade e privacidade. Trouxe ainda o conceito de Cyber Spaces, solução holográfica física e interativa para a comunicação por telepresença. As novidades fazem parte do Remote Work Enablement, projeto que fornece hardware, software e serviços premium com configuração rápida de acesso remoto. É a busca por mais receita além do tradicional PC.