11/01/2013 - 21:00
Após reunião com a presidenta Dilma Rousseff, que durou uma hora no Palácio do Planalto, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e a diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Magda Chambriard, deram uma bela notícia às empresas petrolíferas e aos investidores, na quinta-feira 10. O governo confirmou, para maio, a realização da 11ª rodada de leilões para exploração e produção de petróleo, com a licitação de 172 blocos, 86 em terra (onshore) e 86 no mar (offshore). Na prática, a medida destrava um setor que ficou praticamente paralisado desde dezembro de 2008, quando foram interrompidos os leilões.
O resultado imediato foi a saída de muitas petroleiras do País, que levaram seus investimentos para outras partes do mundo. O governo usará a 11ª rodada também para ampliar o mapa de exploração, hoje muito concentrado no Sudeste, especialmente nas Bacias de Campo e de Santos, além da região do pré-sal. Oito das nove bacias sedimentares envolvidas no leilão situam-se nas regiões Norte e Nordeste. “Nosso objetivo é descentralizar o investimento em petróleo”, disse Magda. “Vamos canalizar os esforços exploratórios para uma área até então muito pouco contemplada.” Se arrematadas todas as fatias, a área exploratória no Brasil vai crescer 40%. O reflexo do anúncio no mercado foi imediato.
A direção da brasileira HRT foi uma das que saudaram a retomada dos leilões. A companhia aguarda, no entanto, o detalhamento das áreas a serem ofertadas. Já a sino-espanhola Repsol Sinopec informou que está disposta a voltar a investir no Brasil. “Quanto à 11ª rodada, estamos aguardando ansiosamente por sua realização”, disse a empresa, em nota. A OGX, do bilionário Eike Batista, não se pronunciou. Além das gigantes globais, o ministério espera a participação de petroleiras de médio porte e independentes. Normalmente, elas atuam na exploração e na produção, ficando de fora dos segmentos de refino e distribuição. Em 2012, as empresas do segmento investiram cerca de US$ 45 bilhões, segundo estimativas da Petrobras.
Aposta: Magda Chambiard, diretora-geral da ANP, confia
na volta das petroleiras estrangeiras e na ampliação da base de exploração
A expectativa é que, com a volta dos leilões, esse número cresça de forma significativa. “Era preciso manter um ritmo de exploração no País e alimentar o portfólio de empresas do setor, incluindo a Petrobras”, afirma o consultor e especialista em petróleo Jean-Paul Prates. Outra aposta no governo para incentivar a volta das petrolíferas estrangeiras ao país é o gás de xisto. Na mesma reunião, o ministro Lobão anunciou que a licitação da exploração de potenciais reservas desse combustível, encontradas especialmente no Paraná e em Mato Grosso, poderá ocorrer em dezembro. Hoje, um dos países que mais investem nessa fonte são os Estados Unidos.
“Queremos produzir cada vez mais gás no Brasil”, afirmou. Na avaliação do coordenador de energia térmica da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Ricardo Pinto, o gás de xisto será muito importante para diversificar nossa matriz energética, tornando-a menos dependente da hidroeletricidade, que representa hoje 73% de toda a energia ofertada no País. “A indústria tem um potencial de demanda por gás reprimida muito grande e tem condições, hoje, de contratar volumes suficientes desse combustível para viabilizar os investimentos nesse tipo de exploração.”