18/11/2022 - 1:00
Separação é traumática na maioria das vezes. Ainda que seja em comum acordo, como é o caso da IBM, que separou seus serviços de TI para criar a Kyndryl, exatamente um ano atrás. A centenária IBM vai bem, obrigado. Nos últimos três trimestres fechados após o spin off, registrou aumento das receitas que somadas chegam a US$ 43,8 bilhões. E não fosse um acordo judicial que consumiu US$ 5,9 bilhões no período entre julho e setembro, o lucro nos nove meses seria de US$ 4,8 bilhões – no entanto, o balanço dos três trimestres é de prejuízo de US$ 1,1 bilhão. Já a Kyndryl tem sofrido com sua independência. Nos últimos nove meses encerrados em 30 de setembro, a companhia faturou US$ 13 bilhões, com prejuízo líquido de US$ 760 milhões. Mas, como quase toda separação, a perspectiva de futuro é boa. O mercado de atuação da Kyndryl, provedora de serviços de infraestrutura em que desenha, gerencia e executa os sistemas de informação críticos, expandiu de US$ 240 bilhões em 2021 para US$ 510 bilhões até 2024.
Apesar de os números globais da Kyndryl serem, até o momento, inquietantes, a operação brasileira segue um caminho positivo. Neste um ano de vida, contratou 700 profissionais – o número total da força de trabalho local da companhia não é divulgado. A empresa tem como clientes empresas responsáveis por 20% de toda a produção de aço no Brasil, dá suporte aos serviços de 40% das empresas de varejo de alimentos e mais da metade do mercado nacional de varejistas não alimentares. “O mercado viu nosso nascimento de uma forma boa. Quando fizemos a transição, nenhum cliente nos deixou. Todos entenderam que era bom e permaneceram com a gente. Nossa base continuou”, disse Frank Koja, que assumiu a diretoria-geral da Kyndryl no Brasil após 22 anos de IBM, onde começou como estagiário.
O DNA da IBM, que o executivo chama de “sinal de credibilidade”, é um dos argumentos para atrair novos clientes no mercado brasileiro. Entre eles a Yamaha Motor do Brasil, que finalizou no último fim de semana o processo de migração dos dados para a nuvem da Oracle. Foram transferidos 40 bancos de dados e 29 aplicações de uma infraestrutura local da Yamaha para a OCI Oracle Cloud Infrastructure. Com isso, a fabricante de motos garante escalabilidade, flexibilidade e foco em sua inovação. A Yamaha cresceu 86,8% nos últimos cinco anos e viu, recentemente, aumento significativo em suas vendas no Brasil. Foram comercializadas neste ano 178 mil unidades, até outubro, 13 mil a mais do que o mesmo período anterior. A Kyndryl fornece serviços de gerenciamento e manutenção para os aplicativos Oracle e em nuvem da Yamaha, com suporte 24×7 de monitoramentos e backups.
A RaiaDrogasil foi outro cliente que a Kyndryl angariou nesse período de independência. Uma das principais redes de farmácias do Brasil implementou a tecnologia ServiceNow para aumentar a eficiência de TI em suas mais de 2,5 mil unidades espalhadas pelo território nacional. O objetivo é ampliar a automação para acelerar a solução de problemas e liberar os funcionários para se concentrarem em tarefas de maior valor. A disponibilidade de recursos de autoatendimento para os 5 mil funcionários, problemas comuns — como suporte para computadores e hardware em loja, instalação de software e solução de problemas de TI —, podem ser resolvidos rapidamente por meio de um único ponto de contato na plataforma. “A automação é fundamental para impulsionar a transformação digital corporativa”, disse Frank Koja.
CORAÇÃO As soluções Kyndryl são pulsadas no Centro Tecnológico localizado em Hortolândia (SP), um dos mais modernos da América Latina. São milhares de profissionais que fornecem mais de 40 áreas de suporte de serviço 24 horas por dia de acordo com o perfil do cliente e necessidades de mais de 300 clientes em todo o mundo. Em seu voo solo, a companhia também ganhou autonomia para fazer parcerias em seu ecossistema, que inclui provedores de tecnologia, consultores estratégicos, fornecedores de software independentes e startups. Por aqui suas parcerias ganharam destaque: com a Dynatrace, para modernizar e simplificar as operações na nuvem, e com a Digibee, para agilizar a integração de tecnologias. Um caminho independente, que tem gerado resultados coletivos.
