Andar por Manhattan à procura de um produto da Kiehl’s, tradicional marca americana de cosméticos, controlada pela francesa L’Oréal, é uma tarefa fácil. Com mais de 30 pontos de venda, en­­tre multimarcas e butiques próprias, a empresa foi criada em 1851 no East Village, bairro descolado de Nova York, que traduz perfeitamente o espírito da marca. Lá, assim como em todos os 47 países em que está presente, suas unidades apresentam a mesma arquitetura: paredes de tijolos, letreiros de neon, objetos de arte, além dos produtos que combinam ciência e altas concentrações de ingredientes naturais, agradando às mulheres e, nos últimos anos, principalmente, aos homens em todo o mundo.

Com faturamento anual de US$ 30 bilhões, a L’Oréal, dona de outras marcas de beleza, como Kerástase, Vichy e The Body Shop, não divulga os faturamentos individuais das marcas de beleza que estão dentro do portfólio, mas analistas estimam que a receita deve girar em torno de US$ 460 milhões. Para alcançar essa cifra, a estratégia é ousada, e tem como principal ferramenta a distribuição de amostras grátis. “Preferimos investir na qualidade de nossas fórmulas do que em embalagens glamourosas”, afirma Cheryl Vitali, diretora mundial da Kiehl’s. “Só no ano passado, distribuímos mais de 80 milhões de amostras grátis.”

Outra iniciativa é apostar no público masculino, que já representa 30% das vendas da empresa, com produtos unissex ou especializados para a pele do homem – um nicho de mercado no qual a marca tem investido pesado, a pedido do CEO dos Estados Unidos Chris Salgardo. Para deixá-lo à vontade, motocicletas vintage e esqueletos decoram os espaços e, claro, dão o ar “cool” que faz parte do espírito da Kiehl’s. A Ásia, principalmente China e Japão, é um dos mercados mais importantes para a Kiehl’s, ao lado do Brasil. Por aqui, a empresa tem dez lojas. “O Brasil é promissor para a marca”, diz Patricia Gomes, diretora da divisão de luxo da subsidiária da L’Oréal, para quem a vaidade do homem brasileiro faz do País um lugar especial para os planos da marca. “Temos planos de abertura de novas lojas, mas não podemos divulgar.”