01/09/2010 - 21:00
Depois de ter sua imagem exposta nos principais jornais do mundo por causa da invasão de um bando armado, o hotel Intercontinental do Rio de Janeiro ainda vive o impacto do episódio. O drama começou por volta das oito horas da manhã do sábado 21, quando o hotel foi invadido, e só terminou duas horas mais tarde com o saldo de um bandido morto, a liberação dos 31 reféns – entre os quais cinco hóspedes – e um arranhão enorme na imagem do hotel de luxo, cujos preços das diárias começam em R$ 450.
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Entre a tarde do sábado e a manhã da segunda-feira seguinte, nada menos que 73 reservas haviam sido canceladas. E, pelo menos no curto prazo, novos cancelamentos são esperados. Ainda assim, o Intercontinental passou os dias que se seguiram ao episódio repetindo que tudo já havia voltado à normalidade e que, por este motivo, não fazia sentido falar sobre o caso.
“Adotar o silêncio é a pior opção de uma empresa quando ela vive um momento de crise”, avisa o presidente do Grupo Troiano de Branding, Jaime Troiano. Para o especialista, prestar contas ao público e assumir uma posição em relação aos fatos “é o mínimo que a empresa pode fazer, ainda que seja apenas uma vítima, como foi o caso do Intercontinental.”
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O hotel, aliás, não foi o único a adotar o “tudo sob controle” como discurso oficial. “Foi um episódio circunstancial e isolado”, diz Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, cuja sede fica no Rio de Janeiro. Não é bem assim.
Depois do incidente, a produtora americana Sumitt desistiu do Rio de Janeiro para gravar cenas do filme Amanhecer, último episódio da série Crepúsculo – um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema mundial. Há estimativas de que seria investido algo em torno de US$ 1 milhão na cidade por conta das gravações.
Prejuízo: a produtora Sumitt cancelou as gravações que faria do
filme Amanhecer, continuação do blockbuster Crepúsculo
O dinheiro, porém, é uma pequena fração do que o Rio de Janeiro ganharia em promoção. A desistência da Sumitt também ecoou na imprensa internacional. O próprio Alexandre Sampaio contou que passou a semana atendendo agentes de viagens que ligavam de várias partes do mundo em busca de mais detalhes sobre o incidente e, principalmente, sobre como reagiram a polícia e as autoridades locais.
O cenário é ainda mais alarmante quando a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos se aproximam. “Tem impacto negativo, claro, principalmente no curto prazo, porque estamos colhendo os frutos de um grande trabalho para vender a cidade”, diz Paulo Senise, diretor-executivo do Rio Convention & Visitors Bureau, entidade mantida por empresários do turismo, cuja missão é promover a cidade como sede de eventos.
Para a consultora Valerie Engelsberg, da Top Brands, o Rio de Janeiro, sede da Olimpíada de 2016, sofre mais que o próprio hotel Intercontinental, pois a cidade já tem um histórico de violência. Mas faz uma ressalva: “Em julho do ano passado, 11 pessoas morreram em ataques terroristas a dois hotéis de luxo em Jacarta, capital da Indonésia. Ninguém mais lembra o nome dos hotéis, mas todos se referem ao evento como ‘o atentado de Jacarta’”, diz Valerie. Os hotéis onde aconteceram os atentados no país asiático foram o Ritz-Carlton e o Marriott.