Nas últimas quatro décadas, a agropecuária nacional deu um salto em produtividade levando o País de importador líquido de alimentos para o terceiro maior produtor mundial, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Parte desse desempenho é consequência direta do aumento exponencial da área plantada que cresceu 228% de 1985 a 2021 alcançando 62,7 milhões de hectares, segundo o relatório Mapeamento Anual de Cobertura e Uso Da Terra – Capítulo 7, do MapBiomas. Uma área maior de terra agricultável aliada a uma pressão cada vez mais elevada por produtividade criou uma espiral positiva para toda a cadeia com impactos significativos na indústria de insumos agrícolas. Esse é o caso da Ihara, empresa vencedora da categoria Insumos do anuário AS MELHORES DA DINHEIRO 2022. Terceira vez dona do título, a produtora nipo-brasileira de defensivos agrícolas registrou crescimento de 46,1% nas vendas em 2021, superando os R$ 4 bilhões em faturamento. Para este ano, a expectativa é chegar aos R$ 6 bilhões.

Segundo o diretor-presidente da companhia, Júlio Borges Garcia, apesar dos últimos anos terem sido bastante desafiadores, com pandemia e aumento acentuado dos custos, os negócios cresceram muito. Resultado que ele atribui ao fato de ter apostado suas fichas no desenvolvimento de produtos inovadores, que agridem menos o meio ambiente e a saúde humana, como os biológicos. Somente no ano passado, foram mais de R$ 140 milhões em investimentos no desenvolvimento e lançamento de produtos com novas tecnologias, bem como na ampliação da infraestrutura e dos canais de distribuição. No acumulado dos últimos três anos, o valor sobe a R$ 200 milhões. Resultado: de 2019 até agora, 30 novos produtos da companhia chegaram ao mercado e outros 60 estão em desenvolvimento.

Julio Borges Garcia*. Empresa: IHARA. Cargo: Diretor-presidente. Destaques da gestão: Investimento em P&D, expansão do portfólio de produtos e internacionalização.

“A entrada em mercados em que não trabalhávamos foi importante, assim como avançar em soluções biológicas para proteger a soja, por exemplo” Júlio Borges Garcia, Diretor-presidente da Ihara.

Entre os lançamentos feitos estão herbicidas para pastagem, segmento em que a companhia ainda não atuava, e produtos para controle do bicudo no algodão e mais duas pragas ao mesmo tempo. “A entrada em mercados em que não trabalhávamos foi importante, assim como avançar em soluções biológicas para proteger a soja”, disse o executivo, que não escondeu a surpresa com o desempenho do setor durante a pandemia. “A agricultura continuou trabalhando forte nesses dois anos, apesar de todos os problemas.” Para atender à demanda, mesmo diante das dificuldades como o clima instável e o aumento de custos, a saída foi buscar a excelência operacional.

Além do investimento em pesquisa e desenvolvimento em si, a empresa destinou um orçamento de R$ 40 milhões para a instalação de dois novos centros de pesquisas. Um em Sarandi, no Paraná, e outro em Primavera do Leste, no Mato Grosso. Ambos começaram a operar na safra 2020/21. As novas unidades se juntam ao Centro de P&D existente na sede em Sorocaba, no interior de São Paulo, que possui uma estação experimental 100% irrigada. Neste ano, já foram consolidados mais de R$ 85 milhões de investimentos em infraestrutura. As melhorias, segundo o diretor-presidente, vieram em boa hora servindo como uma espécie de proteção contra a alta do dólar, que pesou bastante na hora da compra de insumos. Especialmente os vindos da China. “Apesar da valorização da moeda americana ajudar na hora de exportar as commodities, ela complica muito na hora de comprar o pacote tecnológico”, disse o executivo.

Nos planos da Ihara, o foco total agora é acelerar ainda mais o lançamento de produtos inovadores. Segundo o diretor-presidente, a empresa busca alternativas entre fornecedores de matérias-primas. O objetivo é não ficar mais dependente de uma única fonte. Por isso, abriu escritórios na Índia, além do que já tinha na China. Segundo ele, há pragas exóticas se desenvolvendo o tempo inteiro e há uma enorme complexidade em se trabalhar com culturas e operações mais amplas, o que requer melhoria em todas as áreas. “Não há tempo a perder. Por isso, a maior parte dos investimentos continuará sendo em P&D”, disse Garcia.

Além da disciplina interna, a companhia terá um belo horizonte para crescer. Afinal, para o País bater a meta de produzir 300 milhões de grãos na safra 2022/23, dado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o produtor precisará de toda a ajuda que puder para defender as lavouras das pragas e também de olhos-gordos. Melhor ainda se for com equilíbrio entre químicos e biológicos.

*A imagem do presidente da Ihara, Julio Borges, saiu publicada incorretamente na edição AS MELHORES DA DINHEIRO 2022. A imagem correta é a atual. Correção feita dia 7 de outubro às 12h.