13/01/2023 - 0:10
O dia 8 de janeiro ficará para sempre marcado pelas cenas de terror, destruição e ameaça à democracia em Brasília. Elas foram protagonizadas por uma turba de radicais de extrema direita cuja violência e brutalidade o Brasil jamais havia conhecido. Insuflados pelo ex-presidente que consideram mito e que não admite ter perdido as eleições, patrocinados por empresários preocupados com o fim de vantagens obtidas nos últimos quatro anos e imbecilizados por mensagens de ódio nas redes sociais, esses terroristas se valeram da conivência do governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha e de seu agora ex-secretário de Segurança Anderson Torres, que foi ministro de Bolsonaro, e não tiveram dificuldade alguma para avançar até a Praça dos Três Poderes, invadir e vandalizar os edifícios que simbolizam as principais instituições da República: o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal de Justiça e o Palácio do Planalto, onde fica o gabinete presidencial. Destruíram o que havia pela frente, de computadores a obras de arte de valor inestimável. Cadeiras do plenário onde os ministros do STF se reúnem foram arrancadas como se um furacão tivesse passado por ali. As cenas foram registradas e divulgadas pelos próprios golpistas, acompanhadas de palavras de ordem como “Vamos tomar o poder”, “Quebrando tudo” e “Queremos intervenção militar”.
Por mais que as imagens, falas e agressões tenham sido veiculadas desde então, cabe aqui citá-las uma vez mais por dois motivos. O primeiro: tudo isso poderia ser evitado. O segundo: isso nunca poderá ser tolerado. À reação imediata do presidente Lula, que decretou intervenção federal na segurança da capital, seguiram-se outras ordens do ministro Alexandre de Moraes para conter um possível alastramento dos ataques em outras localidades e dar início à punição dos golpistas. Cerca de 1,5 mil pessoas foram detidas. Os acampamentos de bolsonaristas em frente a quartéis do Exército foram removidos (algo que deveria ter ocorrido há bem mais tempo). As investigações sobre o financiamento dos atos antidemocráticos avançam e os mentores do movimento golpista, espera-se, serão exemplarmente punidos. A sociedade civil demonstrou repúdio aos ataques por meio de manifestações públicas. Houve marchas em diversas cidades, empresas e entidades divulgaram mensagens condenando o terror, líderes globais comunicaram apoio incondicional à democracia brasileira e ao presidente eleito.
Na segunda-feira, exceto por atos isolados de bolsonaristas, a vida seguiu praticamente na normalidade. O mercado financeiro não mergulhou no caos, os ocupantes dos mais altos cargos da Nação retomaram o trabalho dentro das condições permitidas e a esmagadora maioria dos brasileiros condenou a invasão. Alguns prejuízos materiais serão permanentes, mas a sensação é que o Brasil poderá sair mais forte da frustrada ameaça de golpe. Resta a vergonha e a punição aos inimigos da Pátria, gente estúpida e covarde que diz ser “de bem” enquanto destrói o patrimônio do povo brasileiro. Nada justifica o mal que causaram.
Celso Masson
Diretor de Núcleo