31/05/2013 - 21:00
Um país que vai sediar os próximos grandes eventos esportivos internacionais, como a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e a Olimpíada 2016, no qual apenas 2% da população fala inglês, é mais do que um prato cheio para as escolas de idiomas. Na verdade, é um grande banquete. Some-se a isso o crescimento da nova classe média brasileira, que deve representar 58% da população até 2014, segundo dados do instituto Data Popular. O resultado é um mercado que aumentou, em média, 20% nos últimos anos. Quanto maior a proximidade dos eventos esportivos, maior a procura. De acordo com o Ministério do Esporte, os três megaeventos deverão atrair mais de 600 mil estrangeiros, o que deve gerar cerca de 770 mil empregos, especialmente nas áreas de hotelaria, alimentação e atendimento ao público.
A CNA, de Pecin, criou cursos de seis meses para quem vai trabalhar na Copa
Para auxiliar esse verdadeiro exército, que precisa aprender a se comunicar em inglês em pouco tempo, algumas escolas de idiomas criaram aulas específicas, batizadas de cursos de sobrevivência. É o caso da CNA, uma das maiores redes nacionais de escolas de idiomas, com 39 anos de experiência no ensino de inglês e espanhol. Com 501 unidades instaladas e 200 em implantação, a escola lançou o CNA Hello. Com seis meses de duração, o curso é dirigido aos profissionais que trabalharão no turismo receptivo, nas áreas de transporte, hotelaria, gastronomia, comércio e serviços públicos, durante a realização da Copa do Mundo e da Olimpíada. “Foi só a partir deste ano que percebemos um aumento de interesse nas capitais que vão sediar os jogos”, diz Decio Pecin, presidente da CNA.
“Taxistas, lojistas e profissionais de hotelaria são os que mais nos procuram, pois sabem que vamos virar uma rota internacional de turismo a partir do ano que vem.” Mas não é apenas o mercado de cursos intensivos que cresce no Brasil. De acordo com Pecin, atualmente, nas médias e grandes empresas, 80% das entrevistas de nível gerencial para cima já são feitas em inglês. Além disso, há a nova classe média. “Nós atendemos as classes B e C, com tíquete médio de R$ 230 por mês”, diz. “Seus integrantes sentem que, depois da casa, do carro e dos eletrodomésticos, precisam investir em educação para manter o status conquistado.” A CNA faturou R$ 600 milhões no ano passado e, segundo o presidente, a expectativa é de um crescimento anual entre 20% e 30% nos próximos cinco anos.
Martins, do grupo Multi, pretende inaugurar 80 unidades de escolas
de inglês em aeroportos e shopping centers
Em setembro de 2012, o fundo de private equity Actis comprou uma participação na rede por R$ 135 milhões. Seguindo a mesma trilha da CNA, a concorrente Fisk lançou, há dois anos, o intensivo “May I Help You?”, com dois módulos de 45 horas cada um. “É um curso de qualificação rápida envolvendo atendimento aos estrangeiros”, diz Elvio Peralta, diretor-superintendente da Fundação Fisk. Para 2013, a expectativa da Fisk é crescer 15%. “Vamos abrir 50 novas escolas, a metade em grandes centros urbanos que sediarão jogos da Copa”, afirma Peralta. Em 2012, a Fisk faturou R$ 950 milhões.
A Fisk é uma das maiores redes independentes de centros de ensino do Brasil, com mais de mil escolas em funcionamento, das quais 31 próprias e 971 franquias, espalhadas por todos os Estados e pelas principais cidades brasileiras, além de unidades em Angola, Argentina, Estados Unidos, Japão, Paraguai e, recentemente, Bolívia. O grupo Multi Educação, dono das escolas de idiomas Wizard, Skill e Yázigi, entre outras, decidiu inovar e pretende inaugurar 80 unidades em aeroportos e shoppings, especialmente para melhorar o desempenho dos profissionais do mercado de turismo, durante a Copa do Mundo de 2014. Segundo Carlos Wizard Martins, fundador do Multi, o projeto já está sendo implementado em dez aeroportos, mas a meta é chegar a um total de 20 localidades.