12/02/2013 - 21:00
Na semana passada, a presidenta Dilma Rousseff avisou que servirá um aperitivo que tem tudo para cair no gosto popular. Para garantir uma cesta básica mais barata, Dilma acenou com a isenção de impostos federais que ainda incidem sobre os 13 alimentos que integram a cesta, entre eles os tradicionais arroz e feijão. A medida trouxe aplausos imediatos, pelo efeito potencial na vida dos brasileiros de menor poder aquisitivo. Mais do que isso, o anúncio da isenção tributária procurou atenuar a indigesta inflação de janeiro, divulgada na quinta-feira 7, pelo IBGE, que alcançou 0,86%, o mais alto índice mensal em oito anos.
O vilão da vez? O grupo de alimentos, prejudicado pelo clima, que afetou o preço de itens básicos, como o próprio feijão – alta de 8,33%, no caso da variedade mulatinho, ou 43,6% em 12 meses – ou o tomate, cujo preço subiu 26,15% no primeiro mês do ano. A alta toca num assunto sensível para o governo federal, e em especial para o Banco Central, que tem papel vigilante sobre o IPCA, o índice oficial da inflação calculado pelo IBGE, e persegue uma meta central de 4,5%. A medir-se pelo resultado de janeiro, a inflação em 12 meses acumula uma alta de 6,15%, muito próximo do teto da meta do BC, de 6,5%.
Porém, o governo federal promete que fechará 2013 com uma taxa menor que a do ano passado, de 5,84%. O professor Heron do Carmo, da Universidade de São Paulo, acredita que o governo deve ter sucesso em cumprir esse objetivo, pois não há fatores que pressionem os preços em 2013, como aconteceu no ano passado, quando a estiagem no Sul, por exemplo, afetou a safra de alguns alimentos. “Podemos fechar o ano na casa de 5,5%”, diz o professor da USP. Seja como for, o governo travou um verdadeiro jogo de xadrez com a inflação para cumprir sua meta.
A redução do preço da energia, que começou a vigorar no último dia 24, já ajudou a baixar os preços no grupo de habitação em janeiro(leia quadro abaixo). O adiamento dos reajustes das tarifas de ônibus em São Paulo e no Rio também domou o dragão no mês passado. Resta saber qual será o efeito da isenção do PIS e da Cofins na cesta básica sobre os índices de preços. “Será um impacto pequeno”, avalia Heron do Carmo. Isso porque o custo da cesta básica tem grande incidência do ICMS, o imposto estadual que está na alçada dos governadores.