A melhor maneira de desenvolver políticas eficientes é baseá-las em informações consistentes e atualizadas. É aí que entra os problemas relacionados à ausência de Censo – o último é de 2010 –, em especial para populações vulneráveis.

Há 12 anos existiam aproximadamente 900 mil indígenas no País, de 305 etnias, sendo que cerca de 520 mil viviam em Terras Indígenas (TI), conceito estabelecido na Constituição Federal de 1988 para identificar bens da União destinados à ocupação tradicional por índios. A defasagem na estatística dificulta uma melhor análise do recém-divulgado relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Mesmo assim, a situação é grave.

De acordo com o documento, com 176 indígenas assassinados, “o ano de 2021 foi marcado pelo aprofundamento e pela dramática intensificação das violências e das violações contra os povos indígenas no Brasil”. Uma das evidências foi o aumento, pelo sexto ano, dos casos de “invasões possessórias, exploração ilegal de recursos e danos ao patrimônio”.

Em 2021, o Cimi registrou a ocorrência de 305 casos de invasões desse tipo, que atingiram 226 TIs em 22 estados brasileiros. A quantidade é quase três vezes maior do que a registrada em 2018, quando foram contabilizadas 109 ocorrências.

(Nota publicada na edição 1288 da Revista Dinheiro)