11/11/2022 - 4:20
Na primeira semana após o segundo turno das eleições, o mercado não estressou com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, passadas duas semanas desde o fim do pleito, há claros sinais de que a lua de mel praticamente acabou. A ideia de deixar fora do teto de gastos, por quatro anos, o Auxílio Brasil, ou Bolsa Família, estressou a avenida Faria Lima. A percepção dessa turma é que Lula começa como Dilma Rousseff: gastando, sem se preocupar de onde tirar dinheiro, usando o “cheque especial”. Como a política econômica do PT é contrária à de Paulo Guedes – sem privatização e com utilização do Estado para promover gastos que considera investimento, embora continuem como gastos – há um azedume quase generalizado. A insistência de Lula de não dar sinais de quem irá comandar a Economia contribui ainda mais para desgastar a relação entre o petista e o mercado.
*Chico de Gois
Área econômica não comporta dois petistas

Colaboradores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva têm dito que o cenário desenhado pelo petista para a equipe econômica não comporta dois petistas à frente das pastas da Fazenda e Planejamento. A ideia é dar um dos ministérios para o PT e outro para um dos economistas ex-tucanos que aderiram à candidatura no segundo turno. No PT o nome mais cotado, hoje, é o de Fernando Haddad. Já entre os ex-tucanos voltou a circular com força o nome de Armínio Fraga.
Projeto do mercado de carbono pode ser alterado
O setor privado avalia alternativas para a proposta que regulamenta o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões de Gases que provocam o efeito estufa,
o PL 412/2022. Empresários do agro defendem que o ingresso no mercado precisa ser voluntário. Também há dúvidas sobre as regulamentações que ficarão a cargo do Poder Executivo, tais como o credenciamento e descredenciamento de metodologias de mensuração de emissões e de sequestro e remoção de gases de efeito estufa. A expectativa inicial é que a votação ocorra dia 22, mas a discussão pode ser antecipada para a próxima semana, se houver convocação de sessões para o Senado.
Piso da enfermagem volta ao radar

A bancada da saúde no Congresso se mobiliza para retomar a discussão sobre as fontes de financiamento para o Piso Nacional da Enfermagem. Na quarta-feira foi protocolada na Câmara a PEC 27/2022, que estabelece “o superávit financeiro dos fundos públicos do Poder Executivo como fonte de recursos para o cumprimento do piso”. Uma das principais articuladoras do piso da categoria, a deputada Carmen Zanotto (Cidadania/SC) listou ao BAF outras medidas em vias de apreciação, como a desoneração da folha de pagamento dos hospitais, liberação dos jogos de azar, além da nova PEC, como parte de um conjunto de propostas para financiar o piso.
Agro em busca de aproximação com integrantes da transição
Uma ala da agropecuária deve propor que coordenadores da equipe de transição recebam um grupo de deputados e senadores da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) numa tentativa de aproximação com o governo Lula. De forma reservada, eles avaliam que há radicalismo por parte de alguns nomes da frente, mas que a postura da maioria é pela pacificação e pela estratégia de “não precisam se gostar, mas precisam conviver.” Para fontes do campo, o teste de fogo para a relação entre Lula e o agro será o Orçamento para 2023, tema de debates cada vez mais intensos no Congresso. São recursos do orçamento que bancam a subvenção do seguro rural, o custeio, plantio e comercialização da safra, a defesa sanitária e a pesquisa agropecuária.