17/10/2012 - 21:00
Um dos episódios mais emblemáticos da história do varejo brasileiro foi a falência da rede carioca Mesbla. Sua lenta agonia começou no início da década de 1990 e foi desencadeada por pedidos de falência feitos por pequenas confecções. Adotar atitudes extremas do gênero tem sido a forma encontrada por micros e médios empreendedores para vencer a indiferença dos clientes maus pagadores na hora de receber pelo serviço prestado. Especialmente, quando o devedor possui uma musculatura financeira muito maior que a sua. Ao que parece, foi o que aconteceu na terça-feira 9, quando o Athenabanco Fomento Mercantil, empresa de factoring baseada em São Paulo, ingressou na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro com o pedido de falência da Lojas Americanas, uma gigante com receita líquida de R$ 6 bilhões, em 2011.
O caso assumiu proporções que superam os limites da mera disputa comercial. A Bolsa de Valores de São Paulo pediu explicações à rede varejista, que teve suas ações penalizadas ao longo do dia. Os papéis preferenciais da Lojas Americanas caíram 2,27%. A situação se acalmou no dia seguinte, quando a empresa enviou à bolsa um comunicado assinado por Murilo Corrêa, diretor de relações com investidores, no qual alegou desconhecer detalhes do processo e garantiu estar em dia com as obrigações relacionadas ao credor. Procurada pela DINHEIRO, a Americanas não quis dar entrevista. Já a direção do Athenabanco foi lacônica: “O pedido de falência é um expediente usado normalmente por credores”, disse Robinson Leite, diretor de operações do Athenabanco, sem informar o montante que motivou o pedido.
De fato, basta uma busca na internet para encontrar casos semelhantes. Na quarta-feira 10, a pequena Ahmeyndukato Alimentos, fabricante de confeitos de amendoim, ingressou na 1ª Vara de Falências de São Paulo contra o poderoso Makro Atacadista. Mesmo se tratando de um expediente corriqueiro, esse tipo de ação, de acordo com José Roberto Martins, especialista em branding, de São Paulo, costuma gerar prejuízos às marcas envolvidas. Para ele, a Americanas descuidou de um de seus maiores ativos: sua marca. “Trata-se de um caso típico de erro na gestão de imagem”, afirmou. A palavra, agora, está com a Justiça.