02/10/2015 - 20:00
Em tempos de crise, destacar-se no ambiente de negócios é uma conquista restrita a um seleto time de empresas. Uma delas é a gigante de alimentos BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, a grande vencedora da noite que celebrou, na quinta-feira 24, em São Paulo, a entrega da 12ª edição do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO. O reconhecimento contempla os resultados financeiros e de gestão das grandes organizações do País e a cerimônia serviu como uma perfeita ocasião para trazer em discussão os rumos da Nação.
Ao lado de alguns dos mais influentes empresários e executivos da iniciativa privada nacional, estavam homens que definem a direção política do Brasil, incluindo o vice-presidente da República, Michel Temer – que na ocasião ocupava o posto de presidente em exercício –, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. “Muitas vezes, ao ouvir as pessoas dizendo que as coisas vão mal, eu me deixo contaminar pela visão pessimista, mas, quando vejo aqui as empresas vencedoras, sei que as companhias brasileiras são fortes”, disse Temer.
“O governo só vai bem quando a iniciativa privada vai bem. Então, buscamos isso, que não é um simples desejo do governo, mas uma imposição da Constituição.” A BRF é um exemplo de companhia que tem um alto impacto na sociedade brasileira. Considerada a melhor no setor de Alimentos e Empresa do Ano, no anuário da DINHEIRO, a companhia emprega 100 mil funcionários e influencia a rotina de cerca de cinco milhões de trabalhadores indiretos. “A BRF tem o compromisso de ser uma empresa ética e de não procurar atalhos”, afirmou Flávia Faugeres, general manager (diretora-geral) da operação no Brasil, que foi muito aplaudida por cerca de 500 pessoas, no evento.
“A companhia acredita que o País vai dar certo e que nós merecemos o Brasil que dá certo.” Entre os empresários presentes, havia a sensação de que o reconhecimento da DINHEIRO é um incentivo oportuno para um momento tão difícil na economia, com recessão e altas do dólar, da inflação e do desemprego. “É mais valioso receber o prêmio numa época dessas”, disse Milton Bigucci, fundador e presidente da construtora MBigucci, que atua na região metropolitana de São Paulo. Durante a cerimônia, o tema principal dos discursos e das conversas girava em torno do momento de instabilidade econômica e política pelo qual atravessa a nação.
Muitos empresários defenderam uma firmeza maior na condução dos rumos do Brasil. “Nunca antes na história do País nos deparamos com um momento como este. Estamos atravessando um período de incertezas quase paralisante”, afirmou o anfitrião Caco Alzugaray, presidente executivo da Editora Três. “O Brasil precisa que os seus melhores homens públicos assumam posições corajosas. Muitos empresários estão muito próximos do seu limite.” A mensagem estava em sintonia com a plateia. Em uma ocasião única, estiveram juntos alguns dos principais representantes dos partidos PMDB e PSDB.
O governador Geraldo Alckmin, em seu discurso, deixou um recado. “Presidente, São Paulo está com o senhor para o que for preciso”, afirmou, em discurso endereçado a Temer. A sensação geral era de que o empresariado pede por lideranças capazes de negociar com a sociedade as medidas duras necessárias ao ajuste do setor público, que gasta mais do que arrecada em impostos e atravanca o desenvolvimento do País. “Precisamos construir uma agenda mínima, entre o Executivo e o Legislativo para endereçar as questões mais importantes para o Brasil no curto prazo”, disse Marcelo Castelli, presidente da fabricante de papel e celulose Fibria, uma das premiadas (veja a relação completa aqui).
O ministro da Fazenda buscou aumentar a confiança de quem investe e é responsável por fazer o Brasil crescer. “A recuperação da economia já está, em grande parte, contratada, na medida em que foram tomadas iniciativas trazendo compromisso na área fiscal e se reafirmando na questão da inflação, o que já se traduz no equilíbrio das contas externas”, afirmou Joaquim Levy. “Apesar dos ruídos e da dificuldade que a sociedade possa enfrentar no dia a dia, a verdade é que a economia já está se reequilibrando”. Ele destacou o papel da iniciativa privada na crise. “A busca da excelência é fundamental. Aumenta a qualidade e a competitividade do nosso País”, disse.
“Temos o desafio de voltar a sermos competitivos, num mundo com alto grau de incertezas.” A vantagem nessa travessia é que as grandes corporações brasileiras são resilientes e estão mais prudentes na gestão financeira. “O Brasil é maior do que tudo isso”, disse Laércio Cosentino, controlador da Totvs. O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, ponderou que a recente alta do dólar causará menos estragos do que na crise cambial de 2008. “As empresas estão endividadas em dólares, mas têm usado poucos derivativos tóxicos”, afirmou. “Não deveremos ter problemas tão sérios quanto os de há alguns anos.”