05/10/2011 - 21:00
Em suas últimas férias, em julho deste ano, o empresário David Bobrow, 37 anos, dono da marca de roupas infantis Tip Top, quase não desgrudou do MSN. A maior parte das mensagens não era dirigida aos seus amigos, mas para Daniela Boll, gerente de marketing da companhia. Foi durante o bate-papo virtual que eles acertaram os últimos detalhes da estratégia que está sendo colocada em prática neste ano pela marca. Uma das ações é a coleção de roupas de bebê assinada pelo badalado estilista paulistano Alexandre Herchcovitch, que acaba de chegar às vitrines da rede Tip Top. A ideia nasceu no início do ano, quando Herchcovitch trabalhou na criação de estampas para a tecelagem TDB Têxtil, controlada pela família Bobrow desde 1987. Na época, a Tip Top ainda pertencia ao seu fundador, o alemão Eugênio Saverin, avô de Eduardo, o brasileiro que ajudou o americano Mark Zuckerberg a criar o Facebook e é dono de uma fortuna estimada em US$ 2 bilhões.
Bobrow, da Tip Top: ”Sempre fui a favor de parcerias entre grandes marcas porque ambas se fortalecem”
Além da coleção fashion de Herchcovitch, a Tip Top fechou uma parceria com a fabricante de brinquedos paulista Estrela. Modelos de roupas idênticas às que vestem as bonecas Meu Bebê e Nenenzinho vão chegar às vitrines para o Dia das Crianças, em 12 de outubro. É com ações desse tipo que a direção da Tip Top espera dar sua maior arrancada em número de lojas e no faturamento, desde que a empresa estreou no varejo, em 2008. No ano passado, a cadeia era composta por 37 pontos de venda. Em 2013, o objetivo é chegar a 100 lojas. O faturamento, que foi de R$ 23 milhões em 2011, vai quase dobrar nesse ano, segundo a previsão de Bobrow. “Sempre fui a favor de parcerias entre grandes marcas porque ambas se fortalecem”, afirma o empresário. Até agora, os maiores investimentos, da ordem de R$ 10 milhões, foram feitos em marketing, contratações e importação de produtos. Isso porque a Tip Top não fabrica itens como bolsas, sapatos e bichinhos de pelúcia, necessários para complementar as coleções e formar os looks que tanto agradam às meninas.
“A iniciativa de vestir a criança como a boneca segue a linha de comunicação utilizada por empresas internacionais”, diz Liana Bittencourt, sócia-diretora do Grupo Bittencourt, consultoria especializada em franquias. “Mas ainda é uma estratégia pouco explorada no Brasil.” A cadeia americana de brinquedos American Girls, por exemplo, vende roupas e acessórios iguais aos de diversas bonecas. Observar o que fazem os concorrentes daqui e as empresas estrangeiras tem ajudado Bobrow a cavar seu espaço em um segmento que movimenta US$ 4,5 bilhões por ano, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Até 2008, por exemplo, as roupas da Tip Top eram comercializadas apenas em lojas multimarcas e redes especializadas em vestuário como C&A, Renner e Riachuelo. Ao notar que havia poucas lojas de roupas para crianças de até quatro anos, Bobrow resolveu investir em suas próprias unidades.
Marca pop: Alexandre Herchcovitch (acima) tem associado seu nome a diversos produtos. O mais recente são roupas infantis
“Não inventei a roda”, afirma o empresário. “Outros fabricantes já estavam tomando esse caminho.”, diz ele, referindo-se à experiência de marcas como Hope e Hering. A primeira unidade da Tip Top foi aberta no Shopping Bourbon, em São Paulo, em 2008. Na época, foram investidos R$ 700 mil. Das 37 lojas, somente quatro são controladas pela família. Depois de fortalecer sua posição em São Paulo, mercado que responde por 40% das vendas do setor, segundo a Abit, a Tip Top pretende fortalecer as vendas nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Em setembro, Bobrow cortou a fita da loja de Teresina. Em novembro, ele vai inaugurar uma unidade em São Luis do Maranhão. Ele afirma que a fabricante de roupas de bebê está preparada para acelerar o ritmo de crescimento. Afinal, a empresa conta com três fábricas, localizadas em São Paulo, Campo Grande e Sidrolândia, as duas últimas em Mato Grosso do Sul. Juntas, elas têm capacidade de produzir até 2,2 milhões de peças por mês.