O Global Environment Fund, gestora global de fundos de private equity, com uma carteira de mais de US$ 1 bilhão em projetos de recursos naturais sustentáveis, está com uma parceria estratégica com a Canepa Asset Brasil. Em março, o sócio-fundador Jeffrey Leonard esteve no País para dar o ponta-pé inicial na operação, que começa com um capital de R$ 180 milhões. Em entrevista à DINHEIRO, ele falou sobre a importância de se investir em mercados emergentes.

Quais são os três melhores países para se investir neste momento?
O Brasil é o melhor agora, porque nós olhamos mercados que ainda precisam de ajuda para se desenvolver, mas que tenham empresas fortes. Meus países favoritos são Brasil, Índia e Estados Unidos.

Mas como ficam os problemas do Brasil?
O País precisa de mais capital em sua economia, assim como de uma série de reformas institucionais para que os investimentos tenham sucesso no futuro. É difícil de enxergar isso no curto prazo, pois sabemos que o Brasil está preocupado se haverá ou não o impeachment da presidente Dilma.

Esse processo está afastando os investidores.
Mas essa não é só uma crise do Brasil, é só olhar para os EUA. As políticas são similares. Os americanos entendem o Brasil e um investidor sabe que tem de olhar para o futuro e compreender as oportunidades que o País pode oferecer.

Há desafios quando se investe nos emergentes?
Muitos países emergentes estão sendo afetados pela crise mundial causada, principalmente, por EUA e Europa. Não apenas o Brasil foi afetado, mas outros da América Latina, como o México, países asiáticos e africanos. Isso faz com que o ambiente seja mais difícil para se investir, já que a economia não está como antes. Mas, também, há grandes oportunidades.

Onde estão essas oportunidades? 
No Brasil, as oportunidades estão em tecnologias que vão trazer eficiência nos processos industriais e na logística. O mesmo vale para a Índia, com mais atenção aos processos industriais. Ambos ajudam a poupar dinheiro e trazer mais eficiência, reduzindo os poluentes emitidos no meio ambiente. Na África, estamos investindo em madeira e em sistemas naturais para plantações.

O caso no Brasil parece ser o mais complexo, pois além da crise econômica há uma grave instabilidade política. Qual é o impacto nos negócios? 
Somos investidores de longo prazo. Avaliamos os países onde vamos investir pelos próximos dez anos. Investimos no Brasil desde 1990 e a nossa percepção é que o País tem uma boa economia, um vasto mercado consumidor e uma população economicamente ativa crescente. Há muito ainda para ser aprimorado.

Como o quê? 
Há muito investimento a ser feito em pesquisas, em recursos naturais e em energia. Em São Paulo, por exemplo, há o Rio Tietê, que é muito sujo. Precisamos modernizar as indústrias para que sejam menos poluentes.

Os líderes globais avançaram na discussão sobre o meio ambiente? 
A discussão ainda avançará. Criei o fundo em 1990, na mesma época em que o Brasil inseriu o tema em sua democracia, quando as discussões passaram a envolver o desmatamento na Amazônia. Isso mostrava a importância e o desafio da criação de novas tecnologias que pudessem minimizar os impactos das empresas no meio ambiente, reduzissem o consumo de energia e fossem mais sustentáveis, sem afetar os lucros. Passaram-se 26 anos e acredito que fizemos enormes progressos, mas eles são graduais.

O sr. destaca algum progresso? 
Destaco a redução da poluição urbana, principalmente nos Estados Unidos, com a mudança dos combustíveis fósseis. Ainda nos Estados Unidos, nós notamos uma mudança positiva com a substituição pela geração de energia solar e eólica. Os veículos são menos poluentes. No Brasil, reduzimos o problema do desmatamento na Amazônia, assim como a engenharia está mais limpa.

As empresas reagem bem a essa mudança? 
Sim, principalmente as grandes empresas. No Brasil, tivemos um grande progresso na área de energia, com a redução do consumo. Mas o principal problema ainda é o desperdício de água, principalmente em grandes cidades, como São Paulo, onde a água está cada vez mais escassa. O desafio agora é como as fazendas e áreas como agricultura e indústrias devem agir para reduzir o consumo da água e usá-la de maneira mais consciente.