18/07/2012 - 21:00
Existe muito em comum entre o esporte e o mundo corporativo. Afinal, quem quiser vencer nas piscinas, nas quadras, nas pistas de atletismo ou no mundo corporativo precisa desenvolver características como determinação e visão estratégica, além de ser capaz de trabalhar em equipe. As similaridades entre esses dois ambientes que, à primeira vista poderiam ser considerados opostos, fizeram com que diversos atletas de alto rendimento fossem convidados a contar suas histórias e falar de suas experiências para homens de negócios e executivos de todo o País. Um dos integrantes mais requisitados do círculo de palestrantes é o ex-nadador Gustavo Borges.
Borges: dono de uma rede de academias, ele embolsa cerca de R$ 30 mil por cada palestra.
Dono de um currículo invejável (são quatro medalhas de ouro em Olimpíadas, além de 19 em Jogos Pan-Americanos), Borges abandonou a carreira vitoriosa e mergulhou de cabeça no mundo empresarial, após a Olimpíada de Atenas, em 2004. “Todo atleta profissional carrega consigo a semente do empreendedorismo”, diz. “Até porque, para seguir carreira, você tem de apostar tudo em si mesmo.” Para contar sua experiência nas piscinas, ele cobra até R$ 30 mil, dependendo do cliente e do local do evento. Atualmente, Borges faz uma média de quatro apresentações por mês. Esse número só não é maior porque ele está na linha de frente de outro negócio: a rede de academias de natação e ginástica que leva seu nome, composta de cinco unidades, quatro no Paraná e uma em São Paulo.
Borges também criou um método para o ensino de natação que já foi franqueado para 200 escolas, sendo quatro na África do Sul. Borges é a síntese de uma nova geração de atletas que, antes mesmo de chegar ao topo, já pensa no que fará depois que deixar a carreira. Enquanto tentava melhorar seu desempenho na piscina, ele cuidava de sua formação acadêmica estudando economia na Universidade de Michigan. De acordo com o portal Palestrarte, que agencia atletas e personalidades de outras áreas, Borges está entre as grandes estrelas do mercado de palestras motivacionais. A lista inclui o eterno cestinha Oscar Schmidt, que comandou a vitória do quinteto brasileiro de basquete sobre os Estados Unidos, nos Jogos Pan-Americanos de 1987, em Indianápolis, nos Estados Unidos.
O cestinha: Oscar Schmidt faz cerca de dez palestras por mês
e cobra entre R$ 25 mil e R$ 40 mil.
“Uso minha experiência para falar sobre temas como obstinação, liderança e inovação”, afirma. Histórias não devem faltar. Em 29 anos de carreira, Oscar atingiu o recorde mundial de pontos: 49.737. Graças a suas conquistas, ele se tornou um dos nomes mais requisitados e hoje profere cerca de dez palestras por mês, pelas quais embolsa até R$ 40 mil. “Esses encontros servem para que as empresas tragam para a rotina de seus funcionários os desafios e experiências de grandes ídolos”, diz Irene Azevedo, professora de liderança da BBS Business School. Para ela, é difícil avaliar o impacto que um encontro desse tipo tem na rotina de uma empresa.
“É um investimento de longo prazo”, diz Irene. A incursão de alguns ícones dos esportes, como Oscar e Borges, na cena corporativa vai muito além das palestras. Um bom exemplo é Bernardinho, ex-jogador e atual técnico da seleção masculina de vôlei. Desde seu primeiro grande feito como treinador, em 1996, quando comandou a seleção feminina na conquista do Grand Prix mundial, ele vem conciliando a carreira de treinador com a de palestrante e garoto-propaganda. De acordo com fontes do mercado, Bernardinho não cobra menos de R$ 30 mil para um bate-papo de uma hora com executivos. Sua mais recente aparição em comerciais foi na campanha de lançamento da picape Hilux, da Toyota, na qual é apresentado como “o elemento motivacional do veículo”.