A Gradiente está de volta ao mercado. Na quarta-feira 16, a Companhia Brasileira de Tecnologia Digital (CBTD), que arrendou a marca pela quantia de R$ 389 milhões, apresentou as armas com as quais pretende brigar pela preferência dos consumidores brasileiros. Entre outros itens, mostrou tablets e máquinas fotográficas adaptados especificamente para o público infantil e um celular voltado para os clientes com idade mais avançada. No entanto, mais do que o anúncio – que era esperado pelo mercado há quase dois anos, diga-se –, uma ausência chamou a atenção. Durante toda a apresentação, os diretores da empresa não citaram sequer uma vez o nome de Eugênio Staub, empresário que se tornou sinônimo da marca durante seus anos de ouro, a partir de 1969, quando a comprou. “Não haverá mais a vinculação ao nome do Eugênio”, afirma o CEO Fabio Vianna. 

 

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Nova cara: Fabio Vianna é o escolhido para emplacar a marca

entre consumidores adultos e infantis.

 

“Afinal, a CBTD é uma empresa independente.” Em teoria, essa afirmação pode soar estranha. Com a nova estrutura de capital, Staub será o presidente do conselho de administração, detendo o controle nominal da HAG, que terá 40% da CBTD a partir do momento em que converter em ações as debêntures que obteve no negócio. O restante está nas mãos dos fundos de pensão dos funcionários da Petrobras e da Caixa, da Jabil Circuit e da Agência de Fomento do Amazonas. Na prática, ela faz sentido. Para uma marca que volta às prateleiras quase cinco anos após quebrar, é conveniente evitar a vinculação a um nome que teve sua imagem arranhada graças às confusões e movimentos equivocados registrados no período de agonia da Gradiente, a partir de 2005, e com dívidas de mais de R$ 500 milhões a pagar a seus credores. 

 

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Antiga versão: Staub será o presidente do conselho na nova

encarnação da Gradiente.

 

“Não é uma rejeição”, afirma reservadamente um executivo ligado à CBTD. “Mas precisamos voltar a trabalhar a marca, sem ficarmos presos a uma sombra com tanto peso quanto o Staub.” Em seu retorno, a marca, que já chegou a deter quase 20% das vendas de vídeo e áudio no País, começará de forma modesta. A ordem é manter baixo o custo da operação. A equipe é enxuta, com menos de 200 integrantes. A produção está a cargo de fábricas terceirizadas, em Manaus e São Paulo. A distribuição será focada principalmente no comércio eletrônico e no varejo especializado. Será o suficiente para chamar a atenção dos consumidores? Eduardo Toni, diretor de marketing da empresa, diz ter certeza que sim. “A Gradiente ainda é lembrada com um carinho imenso pela população.”