O leitor que fizer uma busca na internet por uma foto do momento da prisão de Fábio Coelho, diretor-geral do Google, não vai encontrar nada. Ainda assim, a notícia de que o executivo foi detido por não ter retirado do YouTube um vídeo com acusações contra um candidato em Mato Grosso do Sul correu o mundo e manchou a imagem do Brasil como um ambiente seguro para o bom funcionamento dos negócios. Exagerada, a punição teve repercussão mundial e foi noticiada em veículos como The New York Times, dos EUA, e BBC, do Reino Unido. O episódio fez o Brasil ocupar um espaço na mídia internacional frequentado normalmente por países notótrios por cercear a liberdade na internet, como China e Irã. Não por acaso, a mídia estrangeira lembrou até que o País ainda não conseguiu aprovar o projeto do Marco Civil da Internet, que dá as linhas gerais sobre os direitos e deveres dos cidadãos na rede mundial. 

 

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“Estamos desapontados por não termos tido a oportunidade

de debater na Justiça Eleitoral”

 

A imagem no plano internacional vai ficar ainda pior se a moda pegar no País. Afinal, há 138 ações contra o Google, similares à que resultou na prisão de Coelho, em 21 Estados brasileiros. O receio é de que, espelhados na decisão do juiz Flávio Saad Peron, da 35ª Zona Eleitoral de Campo Grande (MS), que decretou a detenção de Coelho, outros magistrados sigam o mesmo caminho, deteriorando de vez a reputação do Brasil. “Fiz o que prevê o artigo 347 do Código Eleitoral”, disse Peron à DINHEIRO. O problema é que é comum, durante o período eleitoral, empresas como o Google receberem ordens judiciais para remoção de vídeos ou textos com críticas a candidatos. Se as rivalidades políticas começarem a pautar o que deve ou não ser publicado na web, a situação vai descambar. 

 

Num post em que expõe seus argumentos sobre o episódio de sua prisão, publicado no blog do Google, Fábio Coelho afirma que a empresa havia recorrido da ordem para remoção do vídeo da discórdia. “Enquanto aguardávamos a apreciação de nosso recurso, um mandado de prisão foi expedido contra minha pessoa na qualidade de representante legal do Google Brasil.” Diante desse cenário, ele afirma que não houve alternativa senão bloquear o vídeo no YouTube. “Estamos profundamente desapontados por não termos tido a oportunidade de debater plenamente na Justiça Eleitoral nossos argumentos de que tais vídeos eram manifestações legítimas da liberdade de expressão e deveriam continuar disponíveis no Brasil”, afirmou Coelho.