A Gol supreendeu negativamente o mercado ao divulgar seus resultados na quarta-feira 30. A empresa informou um prejuízo de R$ 4,46 bilhões no exercício de 2015, após amargar uma perda de R$ 1,24 bilhão em 2014. A empresa presidida por Paulo Kakinoff informou que as perdas decorreram da alta do dólar, que pressionou os custos financeiros e de combustível, e do desaquecimento da economia, que reduziu a demanda por passagens. Em uma teleconferência na quarta-feira 30, Kakinoff disse que a Gol tem caixa para o curto prazo e não corre riscos de insolvência. “Agora, quando você olha no médio e longo prazo, é evidente que a estrutura de capital tem de ser revisada e é nisso que estamos trabalhando”, disse ele. Segundo Michael Linenberg, analista do Deutsche Bank em Nova York, a reestruturação da frota e da estrutura de capital da companhia “é imperativa para a melhora dos resultados no futuro”. Ele recomenda manter as ações. A Itaú Corretora avalia que o balanço veio pior que o esperado, mas manteve a recomendação de manter as ações. O preço-alvo para dezembro é de R$ 4,00.

Saneamento 

A liquidez da Sabesp

A alta do câmbio turvou os resultados da Sabesp em 2015. O lucro operacional subiu de R$ 1,91 bilhão em 2014 para R$ 3,04 bilhões em 2015. No entanto, as despesas financeiras cresceram de R$ 1,06 bilhão para R$ 2,8 bilhões. Isso fez o lucro de 2015, divulgado na segunda-feira 28, cair para R$ 536 milhões, uma forte baixa ante os R$ 903 milhões de 2014. No dia 24 de março, a estatal paulista anunciou o pagamento de juros sobre o capital próprio de R$ 0,2193 por ação, em um total de R$ 149,9 milhões. No ano, as ações subiram 44,35%.

Pagamentos

Valid lucra menos

A empresa de meios de pagamento Valid anunciou seus resultados na quarta-feira 30. Apesar de o lucro ter crescido de R$ 110 milhões em 2014 para R$ 133 milhões em 2015, a queda de 71% na geração de caixa medida pelo Ebitda desagradou os investidores. Na data, as ações recuaram 6,5%. Segundo a Ativa Corretora, as atividades de meios de pagamento na América Latina continuam afetando os resultados. Em março, até a quarta-feira 30, as ações caíram 20,9%.

Touro x Urso

Os cerca de 20% de alta do Índice Bovespa em março representam o melhor desempenho mensal da média do mercado acionário em mais de 20 anos. Desde janeiro de 1996 o índice não apresentava um desempenho tão positivo, apesar de inúmeras notícias ruins para muitas companhias relevantes. A explicação é bastante simples: os prognósticos cada vez mais fortes de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A possibilidade de que Dilma seja retirada do cargo aumentou na terça-feira 29, quando o PMDB formalizou sua saída do governo. A substituição de Dilma pelo vice-presidente Michel Temer não indica uma solução imediata dos problemas estruturais da economia. Mesmo assim, há esperança e os investidores encaram a troca de comando como um sinal positivo. A aposta é de uma vinda mais expressiva de dinheiro de fora: até o dia 25 de março, o saldo positivo dos investidores estrangeiros era de cerca de R$ 7 bilhões.

Destaque no pregão

A amálgama do resultado da CSN

A CSN anunciou, na terça-feira 29, um lucro líquido de R$ 1,25 bilhão em 2015, revertendo um prejuízo de R$ 105 milhões em 2014. Boa parte desse resultado veio de receitas de equivalência patrimonial das controladas, que subiram de R$ 331 milhões para R$ 1,16 bilhão, além de receitas operacionais não recorrentes, provenientes da incorporação de duas mineradoras, a Namisa e a Casa de Pedra, em uma subsidiária, a Congonhas Minérios. Apesar do bom resultado, os analistas continuam céticos. Segundo a empresa independente Eleven Financial, a crise de liquidez e o endividamento elevado continuam prejudicando a CSN. O efeito da variação positiva dos ativos e passivos foi apagado pelo desembolso de caixa necessário para o pagamento de dívidas.

Palavra do analista: 
Segundo a equipe de análise da Eleven, os desafios para reduzir o endividamento devem continuar trazendo volatilidade para a ação no curto prazo. A criação de valor, nesse caso, estará diretamente relacionada com a execução de mudanças estruturais. Porém, em um cenário global de muito pressão para o setor, a venda de ativos, tão necessária para o saneamento da companhia, segue uma realidade distante.

Logística 

Rumo rola dívidas

A Rumo Logística, produto da fusão da Cosan Logística com a ALL, anunciou na segunda-feira 28 que rolou R$ 3 bilhões em dívidas com bancos, cerca de um terço de seu endividamento total de R$ 8,58 bilhões. Parte dessa dívida será rolada por meio da emissão de cerca de R$ 2,75 bilhões em debêntures com até sete anos de prazo, que serão subscritas pelos acionistas controladores. No ano, as ações da Rumo amargam uma queda de 47,1%. Procurada, a empresa não comentou.

Mercado em números

ROSSI
R$ 1,048 bilhão –
 Foi o total de dívidas da construtora roladas com os dois maiores credores, o Banco do Brasil e o Bradesco

EZTEC
R$ 444 milhões - 
Foi o lucro líquido da construtora no exercício de 2015, o que representa uma rentabilidade patrimonial de 18%

LOCAMÉRICA 
R$ 3,9 milhões - 
É o valor dos juros sobre o capital próprio que a empresa de locação de veículos vai pagar aos acionistas, segundo a posição em 28 de março

DURATEX
6,6% –
 Foi a redução no consumo de água da empresa de produtos de madeira em 2015, segundo o relatório de sustentabilidade divulgado na quinta-feira 31

TEMPO PART.
75,9 milhões - 
Foi a quantidade de ações ordinárias adquiridas pela Hill Valley Participações, que passou a deter 98,16% do capital votante