09/08/2013 - 21:00
O argentino Lionel Messi, estrela do Barcelona, é o jogador de futebol mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em R$ 400 milhões, segundo ranking da Goal, publicação especializada em futebol. A maior parte de seu patrimônio foi construída com campanhas publicitárias de marcas consagradas, como Adidas, Pepsi e Dolce&Gabbana. Há 20 dias, no entanto, os brasileiros se surpreenderam ao ver o Camisa 10 da seleção argentina em uma propaganda do sistema de mensagens para celular WeChat, da chinesa Tencent. O pessoal do WeChat também. “Tivemos um crescimento de 500% de uma semana para outra”, afirma Thomas Prüfer, responsável pelos negócios da companhia chinesa no Brasil. Aplicativos como o WeChat são a grande tendência da telefonia móvel. Os programas mais badalados contam com mais de 200 milhões de usuários.
Prüfer, head do WeChat no País, quer celebridades como Messi usando o app
Em 2012, foram enviados 19 bilhões de mensagens por essa modalidade de comunicação, mais do que os tradicionais torpedos por celular (SMS), segundo a consultoria inglesa Informa Telecoms & Media. Apesar desse crescimento, algumas empresas da área ainda não descobriram exatamente como ganhar dinheiro com seus milhões de usuários. O WhatsApp, por exemplo, tentou cobrar uma taxa, mas voltou atrás, com receito de perder clientes. Atualmente, só os novos consumidores no iOS pagam ao baixar o app, que, na última semana, adicionou voz aos seus serviços. O chinês WeChat, por sua vez, aposta na publicidade. Ele permite também que empresas e celebridades tenham contas – pagas, obviamente.
Aplicativos asiáticos conquistam usuários com o reforço
de celebridades como Lionel Messi e forçam competidores
ocidentais a se reinventarem
Essa será a receita da companhia no Brasil. “Estamos procurando parceiros nacionais”, diz Prüfer. “Queremos que as empresas pioneiras por aqui saibam como usar a plataforma corretamente.” Na Ásia, McDonald’s, Starbucks e 7-Eleven são algumas das que estão no aplicativo. “Além disso, vendemos games e aplicações dentro de nosso programa”, afirma Prüfer. No ano passado, a Tencent, grupo ao qual pertence o WeChat, teve faturamento de US$ 7 bilhões e o programa foi citado no resumo anual como um dos destaques. O formato não é exclusivo. O Kakao Talk, líder do mercado de mensagens na Coreia do Sul, trabalha de forma semelhante. “Vendemos games, aplicações”, diz Maurílio Shintati, consultor-executivo da Kakao Corp. Brasil.
As empresas ocidentais já perceberam esse movimento e querem recuperar espaço. Uma delas é o Google, que vê na mobilidade uma oportunidade de trazer mais atenção ao Plus, rede social que sofre para emplacar. O GTalk foi aposentado e deu lugar ao Hangouts, que usa os contatos do Plus. “Vemos as mensagens como um dos pontos de uma imersão social no celular”, afirma Valdir Leme, gerente de marketing do Google. A Microsoft se esforça para ganhar terreno com o Skype, comprado por US$ 8,5 bilhões, em 2011. O modelo adotado pelas gigantes une a mensagem a ferramentas sociais. Fórmula iniciada pelos orientais e que pode ser uma das saídas para o WhatsApp – que está na mira do Google e do Facebook para ser adquirido. Assim, ao menos no mundo da mensagem móvel, os chineses serão os copiados, e não aqueles que copiam.