Aos vinte dias de vida, o paraense Alan Fonteles teve suas pernas amputadas, o que o tornou um atleta improvável. Vinte anos depois, em Londres, ele venceu o sul-africano Oscar Pistorius nos Jogos Paralímpicos e, hoje, ao lado de outros 277 atletas paralímpicos,é uma das grandes esperanças brasileiras. O time paralímpico tem brilhado: ficou em sétimo lugar no cômputo geral em Londres e as expectativas são de que fique entre os cinco primeiros lugares no Rio. Para comparar, em 2012, a equipe olímpica brasileira ficou em 22º lugar.

A razão para essa diferença é a tecnologia embutida nas próteses e nas técnicas. No caso específico de Fonteles, nos materiais desenvolvidos pela empresa petroquímica Braskem. “O plástico presente nas próteses é um dos elementos que contribui para que os atletas alcancem esse desempenho”, diz Ana Laura Sivieri, gerente de marketing da companhia. A tecnologia desenvolvida pela Braskem, que permite elaborar próteses leves, maleáveis e confortáveis é um dos legados que a Olimpíada de 2016 deixará para a sociedade brasileira.

A pesquisa resultará em próteses melhores para outros portadores de deficiência. Iniciativas como essas têm se multiplicado. Em parceria com a universidade alemã de Colônia, que possui uma tradição no ensino de educação física, a Câmara de Comércio Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro estabeleceu, em 2014, um projeto de capacitação de professores de educação física. Em parceria com outras empresas alemãs, como Bayer e Lufthansa, a Câmara está investindo R$ 400 mil na capacitação de 50 professores para práticas paraesportivas. “A Câmara completou cem anos de atuação em 2014 e queríamos comemorar de maneira diferente”, diz Hanno Erwes, diretor-executivo da entidade.

Segundo ele, a prática esportiva estimula as pessoas com deficiência a se superarem e a exercerem uma profissão. “Preferimos deixar um legado do que gastar dinheiro em um jantar de gala, por exemplo”, diz Erwes. O apoio não se limita ao esporte paralímpico. A cidade paranaense de Toledo teve sua rotina transformada pelo apoio que a antiga Sadia, atual BRF, proporciona à ginástica rítmica. Os cerca de R$ 500 mil concedidos por ano em patrocínio à Associação Toledana de Ginástica Rítmica mudaram a vida de dezenas de jovens de todo o Brasil, e até mesmo de outros países da América do Sul.