O ar de satisfação por parte dos ministros brasileiros Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e Antonio Patriota (Relações Exteriores) e dos mexicanos Bruno Ferrari (Economia) e Patricia Espinosa (Relações Exteriores), envolvidos na renegociação do acordo automotivo Brasil-México, na quinta-feira 15, contrastava com o desânimo dos empresários do setor logo após a divulgação da notícia. A nova regra, que prevê a criação de cotas para as seis montadoras que traziam carros do México sem o imposto adicional de 30% estabelecido no fim do ano passado, foi colocada à mesa após a presidenta Dilma Rousseff reclamar para seu colega Felipe Calderón da avalanche de veículos importados daquele país, que passaram de US$ 947 milhões, em 2009, para US$ 2 bilhões, no ano passado, gerando déficit de US$ 1,5 bilhão na balança comercial brasileira.

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Enfim, alinhados: após longa negociação, Felipe Calderón e Dilma Rousseff

recalibram o regime automotivo.

 

Montadoras como Volkswagen, Fiat, General Motors, Ford, Nissan e Honda só poderão trazer do México um volume de carros equivalente ao valor médio importado nos três anos anteriores. Essa freada suave no ritmo das importações significa que, em 2012, será permitida a entrada de veículos até o montante de US$ 1,4 bilhão, 30% a  menos do que o total internado no ano passado, aliviando as contas externas do País. O acordo continua nos próximos dois anos, quando as cotas devem subir para US$ 1,5 bilhão em 2013 e US$ 1,6 bilhão em 2014.Ultrapassado esse valor, as empresas estão sujeitas às mesmas regras que valem para os veículos importados de outros países, como a China, que até o fim deste ano pagam a alíquota adicional do IPI. 

 

A Nissan foi a empresa que mais se beneficiou do antigo acordo, que não impunha limites. A montadora japonesa importa cinco modelos do México e ampliou sua participação no mercado brasileiro de 2%, no ano passado, para 3,7%, no primeiro bimestre deste ano. A meta é chegar a 5% do mercado brasileiro em 2014, quando deve começar a produção na fábrica que está sendo construída no Rio de Janeiro, com capacidade para 200 mil veículos por ano e investimento de R$ 2,6 bilhões. A também japonesa Honda, com o modelo Honda-CRV,  liderou as vendas de carros mexicanos no Brasil no ano passado (leia quadro abaixo). “O acordo será bom tanto para os brasileiros quanto para os mexicanos”, disse o ministro Pimentel. Contrariadas, as seis montadoras preferiram o silêncio.

 

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