Bem antes de soar o apito dando início à partida entre Brasil e Croácia, às 17 horas do dia 12, no Estádio do Itaquerão, em São Paulo, atletas e turistas dos mais diversos países vão conhecer o chamado padrão Fifa nas arenas brasileiras. E, no que depender de alguns fornecedores daqui e do Exterior, o Brasil vai fazer bonito nesse torneio. O tal padrão Fifa de qualidade garante o que existe de mais moderno em matéria de tecnologia e infraestrutura para a prática de futebol. Os legados vão além das poltronas Frau, as mesmas da Ferrari, e da porcelana japonesa Toto, do Itaquerão.

Desde o gramado e o sistema de som, passando até mesmo pela cobertura dos estádios, onde foram instalados sistemas de geração de energia a partir da luz solar. Na lista estão empresas como a americana Harman, a portuguesa Martifer e a carioca Greenleaf que viram no Mundial a oportunidade de se destacarem em termos globais. O CEO da Harman, Dinesh Paliwal, afirma que a Copa do Mundo foi um grande passo para a companhia se firmar como uma especialista nesse setor. Dos 12 estádios, a empresa forneceu o sistema de áudio e multimídia, como os telões de LED, para oito.

“Estamos aptos para trabalhar com a Fifa”, diz Paliwal. Com contratos que variaram de R$ 1 milhão a R$ 3 milhões, a Harman conseguiu aumentar em 35% os negócios da divisão de equipamentos profissionais da subsidiária. “Além dos oito estádios que vão ter jogos do Mundial, fornecemos os sistemas de áudio para mais três que servirão de suporte”, diz Paliwal. No total, das 15 arenas que farão parte da Copa, abrigando jogos oficiais ou treinos, a Harman equipou 11. A lista inclui a Arena Pernambuco, em Recife, e o Mineirão, em Belo Horizonte.

No estádio da capital mineira quem também marca presença é a Martifer, responsável pelo fornecimento e pela construção da usina de energia solar instalada no teto. A usina consumiu R$ 12 milhões e seus seis mil painéis solares aptos a gerar 1,8 mil megawatts por ano, suficientes para abastecer 1,2 mil residências. A Martifer chegou ao Brasil em 2011 e o País já lhe garante 10% de seu faturamento global de € 2 bilhões. A grama onde a bola vai rolar também recebeu um tratamento especial. A carioca Greenleaf forneceu a grama do tipo bermuda celebration para sete dos 12 estádios, incluindo os maiores: Maracanã e Mineirão.

Essa variante teve de ser introduzida no Brasil devido ao fato de os estádios contarem com cobertura. “A grama é resistente ao clima tropical e também à sombra”, diz Paulo Antonio Azeredo Neto, engenheiro agrônomo e sócio-diretor da Greenleaf. “Sem contar a resistência ao pisoteio.” Para se preparar para a Copa, a equipe comandada por Azeredo Neto foi visitar os principais gramados da Europa, em 2011.

Foi durante esse giro que ele conheceu os controladores da espanhola Royalverd, responsável pelo chamado tapete verde do estádio do Barcelona, o Camp Nou. Do bate-papo nasceu a parceria global. Hoje, a Royalverd detém 5% do capital da brasileira. A partir dos contratos assinados para a Copa no Brasil, a Greenleaf espera ganhar espaço em outros eventos do tipo, desde que sejam realizados em regiões com clima semelhante ao do Brasil, onde a espécie bermuda, sua especialidade, pode ser aplicada.

“Nossas melhores chances estão no Catar, onde será realizada a edição 2022 do torneio”, afirma o empresário. Para atender ao padrão Fifa, a Greeleaf investiu em equipamentos. O sócio da Greenleaf não revela o montante total. Diz apenas que cada equipamento para fazer a manutenção não sai por menos de R$ 400 mil. Para quem pretende ter em casa ou no sítio um gramado do tamanho do Maracanã ou do Mineirão, um lembrete: a grama pode custar entre R$ 3 milhões e R$ 6 milhões.

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