02/08/2013 - 21:00
Quando assumiu a direção da Usiminas, em janeiro do ano passado, o executivo argentino Julián Eguren tinha um verdadeiro incêndio para apagar. A siderúrgica mineira, que aposta a maior parte de suas fichas no mercado interno, ao contrário das rivais CSN e Gerdau, vinha perdendo vendas e importância, por conta de problemas de eficiência e produtividade. Diante de um cenário adverso para as empresas do setor, e apresentando prejuízo trimestre após trimestre, a companhia baseada em Nova Lima viu o valor de suas ações cair mais de 46% em 12 meses. Um ano e meio depois, o executivo pode, finalmente, dizer que começou a controlar o fogo. Apesar de registrar um prejuízo de R$ 59,5 milhões no segundo trimestre deste ano, o resultado superou as expectativas dos investidores.
“Os números demonstram que nossas ações de melhoria começam a trazer resultados mais consistentes”, afirmou Eguren, em teleconferência com analistas. “Ainda temos muito a percorrer, mas estamos no caminho certo.” O que animou os investidores foram os resultados operacionais da Usiminas. O principal destaque ficou por conta da redução de 7,9% nos custos do setor de siderurgia, que levou a um aumento de 7,9 pontos porcentuais em sua margem bruta. “O cenário não é dos mais favoráveis, mas a melhoria operacional é uma boa notícia”, afirma Daniela Martins, analista da corretora Concórdia. Esse desempenho é fruto da reestruturação que Eguren está colocando em prática na empresa. O objetivo é concentrar esforços em seu principal negócio, a siderurgia.
Desafio: para recolocar a Usiminas nos trilhos, o CEO Eguren aposta
na venda de ativos e no corte de custos
Ao mesmo tempo que luta para reduzir os custos, o executivo trabalha para diminuir o endividamento, com a venda de ativos não estratégicos, como seu braço de autopeças, a Automotiva Usiminas, negociado com a brasileira Aethra, por R$ 210 milhões, em junho. A vida de Eguren, no entanto, não deve ficar mais fácil. Isso porque o cenário no mercado de siderurgia não deve melhorar. O executivo, que nas horas vagas costuma praticar triatlo, precisará de muito fôlego para seguir com essa maratona de corte de custos e melhoria operacional. Em junho, os distribuidores de aços longos, principal produto da Usiminas, reduziram a previsão de crescimento das vendas, em 2013, de 6% para 2,5%, após uma queda no primeiro semestre. “É preciso ter cautela”, diz Daniela, da Concórdia.