03/07/2020 - 12:30
A KPTL (pronuncia-se capital) é uma gestora de investimentos em startups de inovação e tecnologia, com ativos de R$ 1,2 bilhão completamente domiciliados no Brasil em 47 empresas. Em entrevista à DINHEIRO, Renato Ramalho, CEO da gestora, fala sobre os planos de aportes dos próximos dois anos.
Qual é o foco da KPTL?
Sempre focamos nossos investimentos em empresas voltadas à tecnologia e inovação. Somos líderes em alguns segmentos como o agronegócio. Também temos bastante investimento em saúde. Acompanhamos os principais bolsões tecnológicos do País, como Belo Horizonte, Florianópolis, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Depois de 18 anos no mercado, cerca de 75% de tudo que a gente investe chega até nós, sem precisarmos procurar pelas oportunidades.
Qual tem sido o desempenho na pandemia?
Os investimentos aceleraram. Isso porque a demanda por tecnologia aumentou. É difícil encontrar um setor que não esteja com esse tipo de preocupação. O empresário precisa trabalhar com menos gente. Aquela tecnologia que possibilita desenvolver o mesmo produto com menos funcionários, mas que seria comprada só daqui a dois anos, está sendo adquirida agora.
Houve uma grande corrida?
Todo mundo está desesperado em inovar, em fazer uso da tecnologia para se manter vivo. A quarentena fez as pessoas perceberem que muita coisa precisava ser alterada. Tecnologia virou o item número um na estratégia dos principais grupos.
Qual a expectativa para este ano?
Pretendemos investir em torno de R$ 300 milhões em aproximadamente 20 empresas. Até o momento, investimos em sete. No ano passado, foram R$ 200 milhões em 15 startups. Ao longo de nossa história, já investimos em 100 companhias. Atualmente, estamos com 50. Temos R$ 1,2 bilhão em gestão. Queremos atingir R$ 1,9 bilhão até o fim de 2020 e R$ 2,5 bilhões em 2021.
Mas, se há todo esse apetite, por que algumas fintechs reclamam das dificuldades em fazer captação de recursos?
Muitas pessoas perderam o emprego e isso fará a inadimplência aumentar substancialmente. Então, por que eu vou dar mais dinheiro para aquela fintech emprestar em um momento de inadimplência ímpar? Não faz sentido. Fintech que vive de crédito puro está sofrendo e isso faz sentido. Mas é um problema setorial e não da empresa em si.
Qual o nível das fintechs brasileiras?
Cada lugar tem uma competência. O Brasil tem competência em vários mercados. O agronegócio é o melhor exemplo que podemos usar. Mas há outros segmentos nos quais também somos muito bons, como finanças, governamental e saúde. Há competências que são criadas por necessidade. Cada vez mais empresas brasileiras vão se tornar mundialmente relevantes.
São boas as condições do mercado brasileiro?
O custo do capital baixou significativamente e o dinheiro está buscando alternativas de rentabilidade, mesmo que isso traga mais riscos, como o de colocar recursos em empresas novas. Mas nem tudo é perfeito. Ainda temos monopólios que terão de se preparar para a competição. Os órgãos reguladores, como BC e CVM, vão ter de mostrar que estão antenados para funcionar em ambiente de maior concorrência e competitividade.
AQUISIÇÃO
XP vai às compras e incorpora fintech Antecipa
A XP Inc. anunciou na terça-feira (30) a compra de fatia majoritária da plataforma digital de antecipação de recebíveis Antecipa, que tem sede na Bahia. O valor da transação não foi informado, mas a XP disse que a compra é oportunidade para ampliar a grade de produtos e reforçar a presença nos segmentos de médias e grandes empresas no Brasil. Fundada por Camilo Telles e Michel Borges, que vão ser mantidos no comando da fintech, a Antecipa tem como foco ajudar as empresas a antecipar recebíveis em sua cadeia de fornecedores. Pela plataforma, a fintech integra fornecedores e compradores e oferece financiamento entre as companhias sem a necessidade de ter um banco como intermediário, minimizando os custos da operação como um todo. A aquisição ainda depende de autorização do BC.
APORTE
Banco Inter vai aumentar capital em R$ 13 milhões
Em aviso aos acionistas emitido na segunda-feira (29), o Banco Inter informou que vai aumentar o capital social em R$ 13,82 milhões. A medida, aprovada por seu Conselho de Administração, visa à emissão de 1,502 milhão de novas ações. Desse total, 779.201 serão ordinárias e 723.514 serão preferenciais. A adesão às ações será realizada por meio de subscrição particular. O banco também informou que “será assegurado o direito de preferência na subscrição das novas ações aos acionistas que compuserem a posição acionária no banco em 3 de julho de 2020”. A instituição determinou que as ações ordinárias serão precificadas em R$ 8,604 por papel, com um deságio de 20% sobre a cotação média dos últimos 10 pregões até a data. As ações preferenciais serão negociadas a R$ 9,844 por papel, também com deságio de 20%.
Número da semana
37,4%
Será a redução no lucro operacional médio de companhias brasileiras em 2020, segundo projeção do Banco de Compensações Internacionais (BIS), por causa da paralisação da atividade econômica global causada pela Covid-19. Em seu relatório anual, o BIS também prevê que a escassez de financiamento pode chegar a 31,8% no Brasil. O estudo envolve informações de 33.250 companhias de 19 das maiores economias do mundo. Foram realizadas simulações baseadas em balanços e comunicados das empresas envolvidas. Os especialistas responsáveis pelo relatório observam que, no mundo todo, a freada brusca da atividade reduziu os ganhos muito além do que aconteceu em recessões anteriores. Rolagem de dívidas e novos empréstimos podem ajudar, mas em muitos casos não serão a solução. Dessa forma, muitas empresas ao redor do planeta correm o risco de não sobreviver ao impacto da pandemia, mesmo se usarem todos os instrumentos disponíveis no mercado. O relatório aponta ainda que as companhias em geral, inclusive no Brasil, pouparam dinheiro em caixa equivalente a dois meses de receita, exceto na China, onde a reserva equivale a quatro meses.