19/10/2013 - 7:00
Quem olha o mapa da evolução do consumo no Brasil corre o risco de levar um susto. Isso porque, apesar de as grandes regiões metropolitanas dos Estados do Sul e do Sudeste ainda concentrarem boa parte das vendas, as maiores taxas de crescimento têm sido verificadas nos Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. É exatamente nesses locais que a família Caseli, dona da Lojas Avenida, está intensificando suas apostas. A rede, que nasceu em 1978 como um pequeno comércio de tecidos, no centro de Cuiabá (MT), cresceu inspirada no modelo da holandesa C&A e da gaúcha Renner e, hoje, é tida como um fenômeno do interior.
Atração fatal: variedade de produtos e visual moderno seduzem os consumidores
A expectativa do clã é fechar o ano com faturamento de R$ 550 milhões, 86% acima do apurado em 2010. O salto se deve, em boa medida, ao ritmo frenético de abertura de lojas dos últimos tempos. Apenas neste ano serão 14 unidades, elevando para 105 os pontos de venda. Há três anos eram 71. Para 2014, a meta é adicionar outros 15. Mas, afinal, o que explica um avanço tão expressivo em um momento de baixo crescimento da economia como um todo? “Sempre haverá demanda por roupas e calçados de boa qualidade, vendidos a preços competitivos”, diz Christian Caseli, 41 anos, vice-presidente da Lojas Avenida e primogênito do fundador Ailton Caseli.
Responsável pela estratégia do grupo, Christian conta que o sucesso obtido até agora é fruto de uma conjunção de fatores positivos, como o incremento da renda média dos brasileiros, a melhora do agronegócio, muito importante no PIB do Centro-Oeste, além da interiorização da atividade industrial. Para aproveitar essas oportunidades, o empresário e sua equipe deixaram de lado a intuição dos primeiros anos e elaboraram uma estratégia de crescimento baseada em alguns pilares. Definiram três formatos de lojas, com 500 m², 800 m² e 2,5 mil m², aderiram ao modelo de fast-fashion, que prevê a troca constante das coleções para manter a vitrine sempre atual, e mapearam as cidades brasileiras a partir de 50 mil habitantes, especialmente aquelas onde poderiam ser instalados shopping centers.
“Somos uma opção para empreendedores do setor que estão expandindo suas fronteiras para o interior”, afirma Caseli. De acordo com o executivo, é dada preferência para municípios nos quais os gigantes globais e locais – leia-se as redes Riachuelo, Renner e Marisa – ainda não tenham desembarcado, como Porto Nacional (TO). Apesar disso, o modelo contempla exceções, como São Paulo, onde a Lojas Avenida chegou em 2010 e possui quatro unidades, todas em cidades do interior. Outra exceção é o Paraná, onde a empresa acaba de fincar sua bandeira, em um centro de compras de Londrina.
Caseli, vice-presidente: sua estratégia inclui cidades a partir de 50 mil habitantes e
municípios na rota dos empreendedores de shopping centers
A opção preferencial por shopping centers não significa que as lojas de rua tenham sido riscadas da prancheta dos Caseli. Apesar do crescimento vertiginoso dos centros de compras – que saltaram de 351, em 2006, para 457, em 2012 –, ele diz que 75% das vendas do comércio brasileiro ainda acontecem no formato tradicional do varejo. E é nas cidades do interior que a Lojas Avenida pode exibir com mais vigor a sua musculatura. A começar pelo portfólio de produtos. São dez mil itens, entre roupas, calçados, acessórios e artigos de cama, mesa e banho.
“Nossas lojas são bonitas, acolhedoras e têm um estoque imbatível em relação ao que existe nessas localidades”, afirma. Mais: o lançamento de um cartão de crédito próprio, o Club Avenida +, também ajuda a explicar o bom momento vivido pela empresa. Com uma carteira de um milhão de associados, as compras por essa modalidade registram tíquete médio de R$ 150, duas vezes e meia maior em relação aos demais clientes, que gastam R$ 59,90. Para quebrar o gelo em relação aos consumidores que não conhecem a bandeira, a empresa contratou o ator e apresentador Rodrigo Faro como garoto-propaganda. “Ele é muito popular justamente entre a classe média, o nosso público-alvo,” diz Caseli.