Foi-se o tempo em que o governo federal cabia na Esplanada dos Ministérios. Nos últimos anos, um milagre da multiplicação inchou a máquina pública, agregando novos e variados ministérios. De 24 no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o País chegou a 38 pastas. Alguns temas ganharam status de ministério, como o de Desenvolvimento Agrário, que tinha o objetivo de valorizar a agricultura familiar. Mas o excesso de caciques tem se mostrado desnecessário e contraproducente. Perto do final do seu primeiro ano de governo, a presidenta Dilma Rousseff percebeu que mais não é, necessariamente, melhor. Em janeiro, ela quer colocar o governo numa dieta forçada, convencida de que uma máquina tão corpulenta é difícil de administrar. 

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Limpeza: há ministros que raramente são convocados para reuniões no Palácio do Planalto

Pela conta inicial, oito ministérios serão incorporados a pastas mais relevantes. Não há fórmula estabelecida, mas o alcance da faxina do governo começa a ser definido nesta semana pela Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade.  “Ainda dependemos da evolução do diálogo”, disse o empresário Jorge Gerdau, coordenador da Câmara, à DINHEIRO. Prevalecendo a fusão de ministérios, a reforma terá um caráter mais voltado à gestão que à economia de recursos. Dilma entende, por exemplo, que pouco adianta resolver o problema dos portos se as estradas de acesso aos terminais não são adequadas.  

Daí a ideia de fundir a Secretaria Especial de Portos ao Ministério dos Transportes. Outro candidato a desaparecer é o Ministério de Desenvolvimento Agrário para ser integrado ao da Agricultura. “Hoje há pastas de primeiro, segundo e terceiro escalão, o que dificulta a administração”, diz José Matias Pereira, professor de gestão pública da Universidade de Brasília (UnB). As raras ocasiões em que alguns ministros são convocados pela presidenta já indicam sua menor relevância. “Na prática, há muitos ministérios que são meras secretarias”, diz o cientista político Murillo de Aragão, da Arko Advice. Mas a reforma, diz ele, só terá efeito se as novas pastas adotarem “o estilo Dilma”.

 

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