07/07/2016 - 19:00
Ao andar em vias menos turísticas do centro histórico de Salvador, não é difícil se deparar com prédios degradados. O mesmo fenômeno ocorre em diversas regiões de grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro. Essa é uma realidade que o empresário mineiro Antonio Mazzafera, 42 anos, quer mudar com o seu fundo Fera Investimentos. Não só alterar, como transformar essas áreas em redutos de luxo. “Temos uma riqueza histórica gigantesca nesses lugares e um grande potencial”, diz. Mazzafera, então, decidiu apostar. Apenas na capital baiana, ao custo de R$ 150 milhões, ele e um grupo de investidores compraram e vêm revitalizando mais de 15 imóveis, sendo o principal deles o histórico Palace Hotel, imortalizado na obra “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, do escritor Jorge Amado. O opulente hotel com 81 quartos, de frente para a Baía de Todos os Santos, terá a decoração ambientada no ano de sua inauguração, em 1934. Previsto para ser finalizado em novembro, as diárias custarão até R$ 10 mil. “As pessoas estão buscando experiência e isso que queremos entregar”, diz Mazzafera.
O empresário não é um nome desconhecido na hotelaria. Após passar dez anos no exterior, atuando como um dos principais executivos da Visa e, depois, do grupo Savoy, dono de diversos hotéis de luxo pela Europa, Mazzafera decidiu voltar para o Brasil. Acos-tumado com o tratamento de renomados espaços que administrava, como o Claridge´s e The Berkeley, em Londres, percebeu no serviço brasileiro uma oportunidade.
Em suas andanças à procura de imóveis, se deparou com o Palace Hotel. O prédio histórico havia sido comprado por um grupo de portugueses, que desistiu da revitalização. Ao acompanhar a degradação da região, se lembrou do Meatpacking District, ao sul de Manhattan, em Nova York. A região, conhecida por seus frigoríficos, se tornou um dos principais pontos turísticos da cidade com atrações como o High Line Park, uma linha ferroviária desativada e transformada em parque.
O próximo alvo de Mazzafera é a capital paulista. O empresário adquiriu um hotel de 18 andares na área do Baixo Augusta, que é degradada e tem muitas boates frequentada por jovens. O prédio terá padrão cinco estrelas e será inteiro grafitado por dentro. “Teremos espaços típicos da Rua Augusta para o público da região frequentar” diz. “Queremos nos tornar uma espécie de luxo descolado.” Para o professor da FAAP, Amnon Armoni, especializado em luxo, o pioneirismo será o grande desafio de Mazzafera. “O luxo do brasileiro ainda é muito ostentatório”, diz Armoni. “Ele terá que mostrar que há esse tipo de demanda no País.”