07/03/2014 - 21:00
Em uma sala de cerca de 20 metros quadrados fechada a sete chaves, no prédio principal da matriz do Bradesco, na Cidade de Deus, em Osasco (SP), a equipe de canais digitais do banco, liderada por Luca Cavalcanti, analisa e pensa novas tecnologias e formas de fazer a interação com o cliente. Foi de lá, entre mesas digitais e engenhocas vindas de universidades americanas, que eles bolaram a última novidade do banco: internet grátis no celular. A partir desta semana, quem acessar o Bradesco por meio de aplicativos ou navegadores de smartphones ou tablets não terá o consumo descontado de seu pacote de dados móveis.
O futuro é móvel: Cavalcanti diz que celulares farão mais transações
que caixas eletrônicos até o fim do ano
A empresa fez acordo com Claro, Oi, Vivo e TIM para isentar os megabytes gastos em seus domínios virtuais. “Não queremos que nosso cliente tenha que escolher entre gastar seu pacote conosco ou no acesso a suas redes sociais”, diz Cavalcanti. A fórmula é simples. Quem baixar os aplicativos oficiais do banco, presentes nas lojas dos sistemas operacionais Android, do Google, iOs, da Apple, Windows Phone, da Microsoft, da BlackBerry e afins, poderá pagar contas, fazer transações ou checar informações sem utilizar créditos ou gastar o pacote de dados com as operadoras.
O mesmo vale para quem abrir qualquer navegador de internet para dispositivos móveis e visitar o endereço virtual do banco (www.bradesco.com.br). O uso do celular já é uma realidade para o Bradesco. São 3,2 milhões de clientes conectados via smartphones. Os aparelhos foram responsáveis por 13,6% das transações feitas pelo banco em janeiro. Eles já são mais populares que o call center da companhia, responsável por 5,1% das transações. E, segundo as estimativas da empresa, devem ultrapassar os caixas eletrônicos (hoje fonte de 23,2% das operações) ainda neste ano.
“Esperamos que o crescimento do nosso canal móvel dobre de tamanho em 2014”, afirma Cavalcanti. “Devemos chegar a 6 milhões de usuários, principalmente por causa da gratuidade do consumo de dados.” Cada vez mais, os clientes estão deixando de comparecer às agências para resolver seus problemas de forma virtual. No primeiro semestre de 2013, segundo a Febraban, foram 822 milhões de transações feitas via celular entre clientes de Banco do Brasil, Bradesco, HSBC, Itaú Unibanco e Santander. Um aumento de cerca de 300% ante o mesmo período em 2012, que foi de 244 milhões. Em 2008, elas eram apenas 8 milhões.
De acordo com a associação de bancos, as agências, os caixas eletrônicos e os call centers serão responsáveis por apenas 24% das transações em 2017. “Se mantido o atual ritmo de expansão, os meios móveis tendem a se firmar, em 2014, como as principais vias de atendimento bancário”, afirma Marco Tavares, diretor setorial de tecnologia e automação bancária da Febraban. Não é a primeira vez que o Bradesco aposta na isenção dos custos para incentivar seus clientes a optarem pela internet na hora de interagir com a instituição. Em 1999, o banco foi pioneiro em oferecer internet gratuita a seus correntistas.
Fez isso antes do iG e de outros provedores que surgiram logo depois para explorar esse filão de negócio dos tempos heroicos da web brasileira. Nessa época, o custo de uma assinatura de internet chegava a R$ 60, sem contar o valor da ligação telefônica. Justificava-se, portanto, dar o incentivo aos clientes. “O uso da internet e do celular libera nossos funcionários para outras tarefas”, diz Cavalcanti. “Eles podem passar mais tempo vendendo produtos, aumentando o retorno.”
Esse é o próximo passo do Bradesco. Hoje, boa parte dos correntistas que acessam o banco pelo smartphone o faz para consultar saldos, fazer transferências ou pagar contas. O plano é aumentar a venda de outros produtos por meio desse canal. O número de empréstimos tomados via celular, por exemplo, está em evolução. Com a popularização de aparelhos com a tecnologia de comunicação NFC (de comunicação por proximidade), o número de pagamentos feitos por meios móveis deve crescer. “Estamos sempre um passo à frente”, afirma Cavalcanti. “Já estamos planejando novidades em meios de pagamentos para anunciarmos no futuro.”