30/05/2012 - 21:00
País que cresce pede emprego. Mas não basta contratar. É preciso qualificar. Para tentar minimizar a falta de profissionais capacitados, algumas das maiores empresas brasileiras resolveram se juntar ao governo federal no patrocínio ao programa Ciência Sem Fronteiras, que tem como meta mandar para o Exterior 101 mil estudantes e profissionais até 2014. Companhias do porte da Petrobras, Vale e Eletrobras e entidades patronais vão financiar mais de 26 mil bolsas, ao custo de US$ 730 milhões. Graduandos, doutorandos e pós-doutorandos, prioritariamente dos cursos de engenharia e tecnologia, terão a oportunidade de estudar em universidades dos Estados Unidos, do Canadá, Reino Unido, da Alemanha, França e Coreia do Sul.
Mentes brilhantes: estudantes brasileiros vão frequentar escolas americanas.
Dentre elas, Oxford, Universidade de Toronto, École Polytechnique e Harvard. A meta é ambiciosa e o tempo para cumpri-la curto. Somente neste ano, 20 mil brasileiros embarcarão para o ano letivo, que começa em setembro no Hemisfério Norte. A seleção dos estudantes é feita pelo governo, mas quem vai desfrutar o conhecimento adquirido é o setor privado. “As empresas estão de olho no retorno de estudantes altamente treinados, pois são potenciais funcionários”, diz Márcio de Oliveira, coordenador-geral do Ciência Sem Fronteiras. O interesse da Vale é nos estudantes dos cursos de engenharia e geociências, especialmente nas áreas em que a mineradora pretende se especializar, como sensoriamento remoto, biodiversidade e conservação.
“O aluno talvez não se torne funcionário, mas pode ser nosso consultor, por exemplo”, diz o gerente-geral de parcerias e recursos da Vale, Sandoval Carneiro Jr. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também vai contribuir. “Nossa principal preocupação é que a agenda de inovação se incorpore às empresas”, afirma Rafael Luchesi, diretor-geral do Senai e de educação e tecnologia da CNI. Resta saber se haverá, até 2014, um número suficiente de brasileiros com alto desempenho escolar, ou fluentes em idiomas, como exige o governo, para preencher as vagas. A embaixada francesa em Brasília, por exemplo, ofereceu duas mil bolsas neste ano, mas só conseguiu preencher 800.