Quando o assunto é tradição em cosméticos, a França é praticamente imbatível. Se o tema é consumo de produtos de beleza, aí é a vez de o Brasil figurar entre os maiores do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e Japão. Foi a combinação da reputação francesa com a força do mercado brasileiro que motivou a Yves Rocher a definir um agressivo plano para o País. Principal marca de produtos de cuidados com a pele na França – e quase tão popular quanto a gigante L’Oreal –, a companhia colocou o mercado brasileiro como prioridade nas ambições globais do grupo. O plano é disputar espaço com Natura e O Boticário, além das americanas Avon e Mary Kay.

A marca, que faturou R$ 7,4 bilhões em 2012 (último dado disponível), abriu duas lojas nos últimos seis meses, em São Paulo, como parte de uma estratégia de operar 300 unidades em cinco anos em todo o País. Não será a primeira experiência da marca por aqui. No início dos anos 1990, a Yves Rocher chegou a atuar no Brasil, mas desistiu, no final da década, quando resolveu concentrar seus investimentos na Europa. Agora, a marca parece ter voltado para ficar. “Vamos ser líderes em cuidados para a pele”, afirma Jean-Luc Foucher-Créteau, diretor-geral de mercados internacionais da marca. “Esse é o nosso projeto, pois seremos muito fortes no Brasil”.

Para dar sequência à decisão de tornar o mercado nacional uma prioridade para o grupo, a Yves Rocher destacou alguns de seus principais executivos para tocar o projeto. Além de Foucher-Créteau, Arnaud Williart, diretor para África e Oriente Médio, e Anne-Charlotte Vaudois, diretora de marketing para mercados internacionais, também vieram ao País para desenhar o crescimento da companhia. Além disso, a executiva francesa Silvia Gambim, responsável por trazer a L’Occitane para o Brasil, também faz parte da equipe. “Gostamos de desafios, acreditamos nos nossos produtos e temos grandes competidores em todo o mundo”, diz Foucher- Créteau. “Estamos prontos para a briga.” A primeira loja da grife foi aberta, em novembro do ano passado, no Shopping Morumbi, na capital paulista.

A segunda, inaugurada no último mês, está localizada no Shopping Center Norte, também em São Paulo. E a terceira será no Rio de Janeiro. Mas, diferentemente do que costuma ocorrer nos outros mercados em que atua, a Yves Rocher não pretender trabalhar com vendas diretas. “A estratégia é ter lojas, porque queremos controlar a qualidade do atendimento”, afirma Foucher-Créteau. “Sabemos que o Brasil é um país grande, por isso vamos expandir com o sistema de franquias”. A abertura de cada loja deve custar cerca de R$ 350 mil para os investidores. Embora seu foco seja o mercado de cuidados para a pele e anti-idade, a marca planeja, ainda, explorar os setores de perfumaria, maquiagem e produtos para os cabelos, que vêm tendo uma procura acima do esperado.

Produtos como o vinagre capilar com perfume de framboesa estão esgotados. Em perfumaria, a Yves Rocher detém alguns dos mais vendidos no mundo. Todos os itens serão importados, já que a companhia opera em um sistema verticalizado, cuidando desde as plantações da matéria-prima a até a venda final. Esse será o maior desafio, segundo Foucher-Créteau. “Temos essa vantagem como qualidade e poderemos controlar os preços ao consumidor para manter o valor acessível”, diz o diretor-geral. Na faixa de preço definida pela companhia, a empresa deverá concorrer diretamente com Avon, Natura e Mary Kay. “Sabemos que o mercado brasileiro é disputado e que o consumidor é conservador, mas podemos e sabemos convencê-lo a conhecer os nossos produtos”, afirma Williart.