Se algum estrangeiro desconectado da realidade política e econômica do Brasil tivesse visitado a sede da BM&FBovespa, na quarta-feira 18, teria saído de lá com uma ótima impressão sobre o ambiente de negócios no País. Naquela manhã, seis consórcios travaram uma batalha pelo direito de administrar a Ponte Rio-Niterói nos próximos 30 anos. O vencedor, com um deságio de 36,67%, foi o grupo Ecorodovias (CR Almeida), que ficou em quarto lugar do setor de Serviços de Transporte da edição 2014 do anuário AS MELHORES DA DINHEIRO.

“Nossa proposta foi justa e faremos as obras com capital próprio”, afirmou Marcelino Rafart de Seras, presidente do grupo, se referindo ao investimento de R$ 1,3 bilhão previsto no edital. Integrante da comitiva do governo federal que acompanhou in loco o leilão, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, estava visivelmente aliviado. “O resultado mostra o potencial da economia brasileira, com vários agentes dispostos a fazer os investimentos”, disse Barbosa, que anunciou a realização de quatro concessões de rodovias até o fim do ano.

Os leilões de infraestrutura são a grande aposta do governo para destravar a economia, após o ajuste fiscal. No setor aeroportuário, serão concedidos os terminais de Salvador, Porto Alegre e Florianópolis. Há planos para ferrovias, hidrovias, portos e dragagem. Embora estejam assustados com o atual ambiente político e econômico do País, os investidores salientam que a infraestrutura precisa ser avaliada com serenidade, pois os frutos são colhidos no longo prazo.

Nem mesmo a operação Lava Jato, que pode afastar temporariamente empreiteiras do jogo, deve esfriar o setor. O espírito animal dos empresários continua vivo. “Existe um grande apetite empresarial”, afirma Hilário Leonardo Pereira Filho, diretor de novos negócios da CS Brasil, controlada da JSL, que está de olho em negócios na área de prestação de serviços. “Na infraestrutura, as oportunidades são grandes.” Isso, é claro, se o governo mantiver o suporte do BNDES e não cair novamente na tentação de controlar a taxa de retorno dos investidores.

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