Esconde-esconde, pega-pega e polícia e ladrão eram brincadeiras infantis comuns num passado não tão remoto, mas que hoje perdem cada vez mais espaço para diversões eletrônicas em desktops, tablets e smartphones. Essa é a ideia que está por trás de uma das startups mais quentes do momento. Trata-se da britânica Kano, que criou um computador de baixo custo para crianças que ainda nem sabem escrever direito. “É muito interessante ver os olhos de uma criança que está criando seu primeiro jogo ou programa”, disse o cofundador da companhia, Yonatan Raz-Fridman, em entrevista à DINHEIRO.

O Kano, cujo nome é uma homenagem ao inventor do judô, Jigoro Kano, permite a montagem de um computador a partir do zero. O equipamento é vendido em uma caixa, completamente desmontado, como se fosse um Lego. O nerd mirim, então, conecta as peças, inicia o software e pode criar jogos e modificar os programas já presentes no PC, com base em instruções que acompanham o produto. Raz-Fridman vivia em Israel e desenvolveu a ideia de criar o Kano em conversas pela internet, com um amigo, Alex Krein, que mora em Londres. Dois meses depois, em novembro de 2012, ele desembarcava no aeroporto londrino de Heathrow, com suas malas, para fundar a companhia na capital inglesa.

Em janeiro de 2013, Raz-Fridman e Klein colocaram a mão na massa em seu novo escritório. Eles iniciaram o projeto e venderam algumas centenas do dispositivo no Reino Unido. Mas os dois empreendedores queriam ir além. Foi então que eles conseguiram captar na plataforma de crowdfunding Kickstarter US$ 1,5 milhão, valor 15 vezes superior ao almejado. Entre os que apostaram no projeto da dupla, estava ninguém menos que o cofundador da Apple Steve Wozniak. Permitir que crianças aprendam brincando não é um negócio novo. A dinamarquesa Lego lançou uma série de blocos eletrônicos que elevam a tradicional experiência de unir peças a um novo patamar. 

A americana Debbie Sterling estava cansada de ver propagandas de bonecas e casinhas cor de rosa para meninas e criou a GoldieBlox, um kit com ferramentas para que elas criem itens tecnológicos. “Só assim teremos mais mulheres trabalhando com TI”, afirmou Sterling, em seu blog. “Isto precisa estar presente na rotina delas desde crianças.” Depois do dinheiro inicial, Raz-Fridman e Klein já receberam outros aportes para impulsionar a Kano – os valores e os investidores não são divulgados. Eles já venderam 20 mil unidades do pequeno computador pessoal infantil, sendo que 500 destes para brasileiros.