13/06/2014 - 20:00
Em um espaço de 64 anos, a economia brasileira passou por grandes transformações. Um dos catalisadores desse processo foi a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que provocou uma crise de desabastecimento e escancarou a necessidade de industrialização do País. O primeiro investimento de vulto foi a criação da Companhia Siderúrgica Nacional. Mas o maior impulso veio na segunda metade dos anos 1950, com o início das operações da Petrobras e a chegada das montadoras, durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek. Além da indústria, o setor de serviços também ganhou força. “Nesse período foi intensificado o processo de urbanização, o que afetou o padrão de consumo do brasileiro”, diz José Augusto Fernandes, diretor de políticas e estratégia da CNI.
1950
– A economia cresceu 6,8%
– Empresas: No ano da primeira Copa no Brasil, a predominância era de empresas familiares de capital nacional. Nessa época, os destaques eram o Grupo Votorantim e as Indústrias Matarazzo, fabricantes de produtos básicos ou de consumo não duráveis
– Indústria automobilística: Esse era um termo que não havia em 1950. A frota de carro existente era toda importada, como os Fleetmaster da Chevrolet. A indústria automobilística começou a se instalar na metade da década.
– Política: O Brasil era governado pelo general Eurico Gaspar Dutra. Passada a Copa, em outubro daquele ano, houve eleições para presidente. O voto era permitido a todos os brasileiros maiores de 18 anos, com exceção dos analfabetos. Getúlio Vargas foi eleito e tomou posse no ano seguinte
– População: O País tinha 41,2 milhões de habitantes. A maior parte morava no campo. Apenas 36,2% viviam em áreas urbanas, como a avenida Copacabana
– Telefonia: Em 1950 o número de linhas fixas era pequeno, não chegando a 1 milhão. Como o serviço era precário, muitas vezes as ligações eram feitas com a ajuda de telefonistas
– Copa: A Copa de 1950 foi realizada em seis cidades, sendo a final no Maracanã. Sem televisão, os brasileiros acompanharam o fracasso da Seleção Brasileira diante do Uruguai pelo rádio
2014
– A economia cresceu 2,5% (2013, último dado disponível)
– Empresas: As empresas de capital nacional passaram a dividir mercado com gigantes estrangeiras. Também houve grande diversificação do parque industrial, com produção não só de itens não duráveis, mas também duráveis, como os aviões da Embraer
– Indústria automobilística: Em 2014, o Brasil deve fabricar 3,8 milhões de automóveis. O mais vendido, até o momento, é o Gol, da Volkswagen. São 21 montadoras instaladas no País
– Política: Governado por Dilma Rousseff, o Brasil terá eleições poucos meses após a Copa, assim como ocorreu em 1950. A diferença é que agora o voto é obrigatório a todos os maiores de 18 anos, incluindo os analfabetos, e facultativo a partir dos 16 anos e acima de 70 anos
– População: São 202 milhões de habitantes. Nas últimas décadas, a população migrou do campo para as cidades. Atualmente, 84% das pessoas vivem em áreas urbanas e é comum enfrentarem problemas de congestionamento nas principais vias, como a avenida Paulista
– Telefonia: O Brasil conta com mais de 45 milhões de linhas fixas, mas o grande avanço se deu na telefonia móvel, com 273,8 milhões. Ou seja, 1,4 celular por habitante
– Copa: Com 12 sedes, a Copa do Mundo de 2014 tem um custo avaliado em R$ 25,9 bilhões. A final também será no Maracanã, mas, desta vez, os torcedores poderão acompanhar os jogos em diferentes plataformas: TV, rádio, internet, celulares e tablets
Se o Brasil se industrializou após a Copa de 1950, uma nova mudança de patamar é necessária após o fim das partidas de 2014. Além dos enormes gargalos em infraestrutura, o País precisa investir em áreas da indústria que demandam maior tecnologia, como biofármacos. O Brasil também tem potencial para fazer parte das cadeias produtivas globais, consolidando-se como polo industrial regional
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