Dirigir um carro importado ficou mais difícil para brasileiros, argentinos e mexicanos em 2012. As importações do México e da Argentina e as exportações para esses dois países caíram, respectivamente, 35,2% e 20,1% em 2012, em relação a 2011. Mau negócio para quem produz ou vende automóveis. Mais ainda para quem presta o serviço de movimentar essa frota nos portos brasileiros. Nesse contexto, a empresa de transportes Deicmar, de Santos, litoral de São Paulo, destacou-se não apenas por enfrentar a maré baixa dos negócios, mas também por conseguir reverter um prejuízo registrado em 2011. 

 

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A companhia, especializada na movimentação de veículos e que opera há 68 anos no terminal santista, transporta cerca de 200 mil automóveis todos os anos. Passam por ela cerca de 55% dos veículos que entram no País e saem dele rumo ao Exterior. Seus principais clientes são as empresas importadoras e exportadoras do setor automotivo. Enquanto a concorrência sofria com o mau momento em suas receitas, a Deicmar, comandada pelo executivo Gerson Foratto, remou contra a maré e aumentou seu faturamento de R$ 170,9 milhões em 2011, para R$ 188,2 milhões, em 2012, um crescimento de 10%. Outro feito foi reverter um prejuízo de R$ 663 mil em 2011 e lucrar R$ 9,6 milhões no ano passado. 

 

Graças a esse desempenho, a Deicmar foi a vencedora do ranking setorial de AS MELHORES DO MIDDLE MARKET. Apesar da melhora de resultados, a companhia vai enfrentar águas turbulentas pela frente. Ela está participando de uma concorrida licitação para renovar seu direito de movimentar veículos pelo Porto de Santos a partir de junho de 2014, quando vence sua concessão atual. A área do terminal em que ela atua está na lista das que serão licitadas pelo governo federal no primeiro bloco de arrendamento e concessão portuária, medida que é fruto da Lei dos Portos, aprovada em maio pelo Senado. 

 

Para não perder sua posição, a empresa recrutou um batalhão de advogados e está questionando a legalidade do processo junto à Casa Civil da Presidência, à Agência Nacional de Transportes Aqua­viários (Antaq) e à Secretaria de Portos. Seus defensores sustentam que a companhia tem direito a operar no local por mais 25 anos, pois iniciou um plano de expansão que demanda investimentos de R$ 200 milhões nos próximos dez anos. A Deicmar foi fundada em 1945 pelo despachante aduaneiro Arthur Cavaloti e sempre teve controle nacional, embora tenha tido sócios estrangeiros ao longo de sua história. Em 1975, recebeu investimentos do grupo alemão Franz-Haniel, parceria que durou até 1989. Em 1990, associou-se à também alemã Kuehne Nagel International, joint-venture que se encerrou em 2002. 

 

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